Jovem diz ter provas que incriminam Marco Feliciano

Patrícia Lélis, que acusa deputado de tentativa de estupro, falou com a imprensa em Brasília; defesa de parlamentar não comenta caso

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Por Julia Lindner
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A jornalista Patrícia Lélis, de 22 anos, convocou a imprensa nesta segunda-feira, 8, para falar sobre a denúncia de tentativa de estupro, assédio sexual e agressão contra o deputado Marco Feliciano (PSC-SP). "Eu sei que não é um caso fácil e que estou brigando com um homem que é dono de igrejas, que tem foro privilegiado e que possui muitos seguidores, mas a Justiça vai prevalecer", declarou. Ela classificou a acusação de Feliciano de que ela estaria fazendo uma "comunicação falsa de crime" como "absurda" e disse que possui provas que incriminam o pastor. "Como eu estava sofrendo ameaças reuni todas as provas que eu consegui", continuou. A jovem pediu a ajuda da imprensa para evitar que Feliciano "destrua" evidências importantes.

O deputado federal Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) 

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Ela contou que foi ao apartamento funcional do deputado na manhã do dia 15 de junho após receber um convite para uma reunião que discutiria a CPI da UNE. Ela acreditava que outros membros do PSC também iriam ao local, porém descobriu por meio de um grupo de conversas online que eles nem sequer foram convidados.

A jovem disse que é possível comprovar que ela esteve no local por meio das câmaras de segurança do prédio, porém acusou o advogado de Feliciano de tentar destruir as imagens. Ao chegar ao apartamento, de acordo com o relato da jovem, Feliciano teria oferecido um trabalho com remuneração de mais de R$ 15 mil para ela se tornar a sua amante. Ao recusar a proposta e acusar o parlamentar de assediar outras mulheres, ele teria se tornado agressivo. Patrícia afirmou que ele tentou tirar o seu vestido e a agredido, porém não quis entrar em mais detalhes para preservar o segredo de justiça do processo.

Ainda segundo o relato, Feliciano teria sido interrompido por uma mulher idosa, que teria tocado a campainha diversas vezes. Logo após a suposta tentativa de estupro, pela manhã, ela teria se dirigido até o PSC da Câmara com os lábios e as pernas roxas das agressões, porém não contou com o apoio do partido.

Abaixo, o depoimento que Patrícia deu ao Estado na sexta-feira

Na versão dela, o presidente nacional do PSC, Pastor Everaldo, teria oferecido um "saco de dinheiro", sem especificar o valor, além de ter dito para ela "desaparecer". A jovem disse que aceitou ficar calada e que não procurou a polícia até o caso ser divulgado no blog Coluna da Esplanada, do Uol, na semana passada. Patrícia afirmou que até aquele dia tinha um relacionamento "muito bom e respeitoso" com o parlamentar e que só tinha ouvido alguns "boatos" de que ele assediava mulheres. "Tenho certeza que não fui a única, mas espero ter sido a última", disse.

Durante a coletiva, ela teve dificuldades para reconstituir o crime e também relatar os momentos em que alega ter sido mantida em cárcere privado pelo assessor do deputado, Talma Bauer, após a divulgação do caso na imprensa. Ele a teria a ameaçado de morte com uma arma.

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Feliciano teria conversado com Bauer e com ela por telefone para gravar os vídeos, porém sem ameaças. Ele teria pedido para ela não expô-lo por causa das suas filhas. O assessor chegou a ser preso na última sexta-feira, mas acabou sendo liberado na madrugada de sábado por falta de provas. Segundo Patrícia, o assessor a coagiu a gravar vídeos nos quais ela nega ter sofrido a violência por parte do deputado. Em depoimento, o chefe de gabinete negou as acusações.

A jovem marcou a coletiva de imprensa em frente à Procuradoria Especial da Mulher no Senado. Ela estava acompanhada da mãe e de advogados.

Procurada, a defesa de Feliciano afirmou que ainda não teve acesso ao boletim de ocorrência realizado em Brasília, na noite de domingo, e que só vai se manifestar depois de ter acesso ao documento.

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