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Josias Gomes é o décimo absolvido pela Câmara

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Por Agencia Estado
Atualização:

De novo com baixa presença, o que sempre beneficia o acusado, a Câmara absolveu nesta quarta-feira o deputado Josias Gomes de Souza (PT-BA). Ele confessou ter recebido pessoalmente R$ 100 mil das contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, sendo uma parcela das mãos do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e outra na agência do Banco Rural do Brasília Shopping. O dinheiro, segundo ele, foi utilizado para o pagamento de dívidas da campanha de 2002. Josias obteve 190 votos pela salvação de seu mandato; pela cassação, votaram 228. Essa maioria não foi suficiente para a perda de mandato, porque para a cassação são necessários 257 votos (a maioria mais um). Houve ainda 19 abstenções, 5 votos em branco e um nulo. Votaram 443 dos 513 deputados. Portanto, faltaram 70. Curioso é que, de todos os acusados por envolvimento com o mensalão, Josias foi o único que entregou ao banco a carteira de deputado, para comprovar que era ele mesmo quem retiraria o dinheiro. Ele transformou esse detalhe em peça de sua defesa. "Eu próprio fui ao Banco Rural. Jamais poderia imaginar que era dinheiro de origem ilícita. Entregar a carteira de parlamentar seria um procedimento de quem recebe importância ilícita?", perguntou Josias ao plenário, pouco interessado em ouvi-lo naquele momento. Havia pouco mais de 200 deputados presentes quando o parlamentar fez a sua defesa. Documentos da CPI dos Correios entregues ao relator do processo de Gomes, deputado Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP), mostram dois recibos com a conta bancária da SMPB, empresa do empresário Marcos Valério, cada um de R$ 50 mil, assinados pelo deputado petista. Gomes negou que as assinaturas fossem suas. O depoimento de Gomes no Conselho de Ética não convenceu o relator Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP), que pediu a cassação do deputado em seu relatório. ?Não se questiona que o dinheiro foi recebido, mas apenas o valor total, e não se discute a presença dele no banco. Não há muito o que questionar. É um dos casos em que há provas materiais?, afirmou o relator após o depoimento de Gomes. O Conselho de Ética da Câmara aprovou o parecer pela cassação de Josias Gomes por 10 votos a 1, no dia 4 de abril. Ao se defender no conselho, o deputado baiano gastou não mais que 5 minutos e seu advogado, que teria 20 minutos para defendê-lo, falou por apenas 1 minuto, somente para dizer que o castigo era desproporcional ao crime.

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