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Jornalista francês Jean-Jacques Faust morre aos 94 anos

Formado em Economia, dirigiu empresas no País e integrou o Conselho Editorial do Grupo Estado

Foto do author Marcelo Godoy
Por Marcelo Godoy
Atualização:

Morreu nesta segunda-feira, 9, o jornalista e economista Jean-Jacques Faust. Autor de livros sobre o Brasil, Faust integrou o Conselho Editorial do Grupo Estado. Tinha 94 anos. Nascido na França, ele estudou Literatura em Paris e, depois, cursou Economia em Londres, na London Business School, antes de ir trabalhar na agência de notícias France Presse, em 1950.

Primeiro, foi enviado para o Oriente Médio, onde testemunhou a ascensão do nacionalismo árabe no Cairo, no Egito, e em Teerã, no Irã. Acompanhou a derrubada do primeiro-ministro iraniano, Mohammed Mossadegh, em 1953. Também escreveu sobre a chegada ao poder no Egito do coronel Gamal Abdel Nasser e seu pan-arabismo. Faust descrevia Nasser como um novo Saladino, o sultão que controlou o país no século 12.

Jean-Jacques Faust foi correspondente no Oriente Médio e Brasil. Foto: leslibraires.fr

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Em 1956, acompanhou a crise iniciada com a nacionalização do canal de Suez, no Egito, que levou à intervenção da França e do Reino Unido. As duas potências coloniais enviaram tropas para retomar o canal, ao mesmo tempo que Israel invadia a península do Sinai. E, depois, tiveram de retroceder em razão da oposição dos Estados Unidos e da União Soviética.

Em 1960, Faust chegou ao Brasil pela primeira vez. Aqui trabalhou cinco anos como correspondente da France Presse. Morava no Rio e testemunhou a queda do presidente João Goulart, em 1964. No ano seguinte, retornou à França, depois de publicar seu primeiro livro em português: A revolução devora os presidentes, sobre a deposição de Jango.

Em Paris, foi dirigir a France Presse. Depois, trabalhou na revista L’Express, da qual foi redator-chefe. Em 1966, publicou uma de suas principais obras: Brasil, uma América para amanhã. No lançamento do livro, afirmou que ele era um trabalho “otimista”. Faust traçava um retrato do Brasil, de seus recursos e problemas, um país “que pode legitimamente, por sua população e sua dimensão, aspirar a um lugar de relevo entre as nações do mundo”. A obra começava com o relato da visita ao Brasil de Charles De Gaulle, então presidente francês. Para o autor, o país sul-americano era “a maior civilização tropical de todos os tempos”. São dessa época vários de seus textos publicados pelo Estadão. Mais tarde, escreveu L’étranger à la mer, em 1969.

Em 1975, retornou ao Brasil. Desta vez, vinha como diretor do grupo francês Saint-Gobain – produtor de fibra de vidro e polímeros de alta performance – para o Brasil e a Argentina. Iniciava uma nova fase de sua vida, a de administrador, que o levaria ao conselho de grandes empresas, como o Grupo Jereissati e o Grupo Estado. Também foi sócio da RadiumSystem, empresa de tecnologia que trabalhava com os polos calçadistas de Birigui e de Jaú, no interior.

Faust voltou a escrever sobre o Brasil, publicando Le Brésil, chroniques d’une democratisation (Brasil, crônicas de uma democratização). Na segunda feira, seu coração parou. Deixou a mulher, Jacqueline, duas filhas, um filho, netos e bisnetos. Seu corpo foi cremado ontem, no Rio, cidade onde morava.

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