Jornalista do 'Estado' é alvo de ataques nas redes sociais

Conta falsa em nome de Vera Magalhães foi criada no WhatsApp e mensagens fraudadas foram distribuídas em redes sociais

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Por Redação
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A jornalista Vera Magalhães, colunista do Estado, é alvo de ataques nas redes sociais desde que revelou, nesta terça-feira, 25, que o presidente Jair Bolsonaro usou seu celular pessoal para compartilhar um vídeo que convoca a população para manifestações contra o Congresso Nacional.

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Uma conta falsa em nome da jornalista foi criada no WhatsApp e mensagens fraudadas foram distribuídas em outras redes sociais. Além disso, houve compartilhamento de uma cobrança de 2015 do colégio onde estudam os filhos de Vera, expondo, dessa forma, a família da jornalista. 

“Divulgar este tipo de informação pessoal é um constrangimento e, embora possa não ser considerado uma ameaça do ponto de vista jurídico, é obviamente uma forma de ameaçar a jornalista. A divulgação de documentos é um método clássico de ameaçar ou incentivar alguém a atentar contra uma pessoa. Do ponto de vista da Abraji, é mais um ataque dos apoiadores do presidente contra jornalista. Pela recorrência, isso está se tornando uma questão crítica”, disse o presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Marcelo Träsel. 

A deputada federal Alê Silva (PSL-MG), que dirigiu ofensa a jornalista,na Câmara dos Deputados Foto: Najara Araujo/Câmara dos Deputados

Para Vera, os ataques a jornalistas aumentaram muito graças ao incentivo dado pelo presidente Bolsonaro e seu entorno. “Quando os alvos são mulheres eles invariavelmente se revestem de conotação sexista, machista e misógina . Não vou deixar de fazer meu trabalho por nenhuma tentativa de intimidação, por parte de nenhum grupo político. Já vivi isso por parte de outros grupos, mas a intensidade, a virulência e a participação de ministros, parlamentares e outras autoridades são inéditas”, afirmou a jornalista.

Apoiadores conhecidos de Bolsonaro, como o youtuber Leandro Ruschel, também publicaram textos defendendo a exposição de informações pessoais de Vera como, por exemplo, o salário que ela recebe da TV Cultura para apresentar o programa Roda Viva.

A deputada Alê Silva (PSL-MG) postou uma mensagem no Twitter na qual diz que Vera “também está louca para dar o ... furo”. Na semana passada o próprio Bolsonaro insultou a jornalista Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S.Paulo, dizendo que a repórter queria “dar o furo”.

Segundo a presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Maria José Braga, a postura agressiva de Bolsonaro em relação a jornalistas incentiva que seus seguidores façam ataques aos profissionais da imprensa.

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“A Fenaj vem reiteradamente condenando os ataques do presidente Bolsonaro e seus seguidores contra jornalistas. Infelizmente, a institucionalização dos ataques a jornalistas tem incentivado que mais agressões aconteçam. É um processo em cadeia. Quando o presidente da República faz um ataque contra jornalistas incentiva seus seguidores a fazerem o mesmo. É preciso que haja ação das empresas e, em caso de ataques individuais, também das vítimas na Justiça”, disse Maria José.

A deputada Carla Zambelli (PSL-SP), que é da base de apoio a Bolsonaro no Congresso, classificou os ataques à jornalista como algo “abominável”. Anteriormente, ela havia criticado a publicação da notícia sobre o compartilhamento do vídeo pelo presidente em sua conta pessoal de WhatsApp, mas rechaçou os ataques pessoais a Vera.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB) manifestou sua solidariedade à jornalista Vera Magalhães. "Intimidar jornalistas e perseguir seus profissionais é próprio de regimes autoritários, que não suportam o contraditório", escreveu o tucano, no Twitter.

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