Jornal compara raiva por acidente no Brasil à de americanos após o Katrina

Para LA Times, caso gerou dúvidas sobre capacidade do governo de responder a crises.

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Por BBC Brasil
Atualização:

O acidente com o Airbus da TAM no aeroporto de Congonhas, na terça-feira, provocou um sentimento de "raiva" na população brasileira comparável ao sentimento dos americanos após a passagem do furacão Katrina, em 2005, segundo afirma reportagem publicada neste sábado pelo diário americano Los Angeles Times. O furacão, que devastou a cidade de Nova Orleans, matou cerca de 1,3 mil pessoas e deixou dezenas de milhares de desabrigados. "Cidadãos comuns manifestaram sua raiva e sua frustração numa maneira pública, que lembra como os americanos reagiram à resposta do governo Bush ao furacão Katrina", diz o jornal. "Várias entrevistas com autoridades de aviação do governo foram duras, muitas vezes antagônicas. Muitos comentaristas não poupam ninguém em seus comentários", observa a reportagem. Para o jornal, a "impressão de alguns brasileiros de que seu governo está mais preocupado com sua imagem do que em resolver o caos da aviação foi reforçada por um incidente na quinta-feira, no qual o assessor e ministro sem pasta Marco Aurélio Garcia foi mostrado na televisão aparentemente fazendo um gesto obsceno e tiunfante em reação à notícia de que um sistema de frenagem com problema poderia ter contribuído para o acidente". Outros jornais internacionais também voltam a dedicar neste sábado espaço ao acidente em São Paulo. O americano The New York Times relata que Lula "rompeu três dias de silêncio após o pior acidente aéreo da história do Brasil" para aparecer em pronunciamento público na televisão na sexta-feira à noite "para assegurar aos brasileiros preocupados ter ordenado mudanças imediatas no problemático sistema de aviação civil do país". O jornal observa que "Lula vem sendo amplamente criticado por mostrar uma falta de liderança desde o acidente da terça-feira". Na argentina, o diário Clarín comenta que Lula apareceu "abatido" na TV e "admitiu as deficiências do sistema aéreo brasileiro". "Foi a primeira expressão de condolência que saiu do governo nacional, onde ao mutismo guardado por 72 horas pelo chefe de Estado se somou um erro de um assessor, Marco Aurélio Garcia, que antes de se mostrar consternado preferiu celebrar um ''triunfo político'' governista ao se comprovar que o avião acidentado tinha problemas técnicos", diz a reportagem. O jornal francês Le Figaro comenta que "talvez o comprimento e a cobertura da pista de aterrissagem do aeroporto de Congonhas não sejam suficientes para explicar o acidente de terça-feira", ressaltando um possível problema mecânico do Airbus-320, de fabricação francesa. O diário observa que o reversor, mecanismo que apresentou falhas, é o mesmo que havia provocado a queda de outro avião da TAM em 1996, um Fokker-100 que caiu nas proximidades de Congonhas logo após decolar em direção ao Rio de Janeiro. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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