PUBLICIDADE

Jóias e bijuterias viram mania como amuletos

Cruzes, medalhinhas e até ideogramas ganham espaço como símbolos de proteção e harmonia

Por Agencia Estado
Atualização:

Pode ser que as pessoas estejam em busca de "algo maior" ou que seja um mero efeito de ter uma novela sobre vampiros no horário das sete. O fato é que as ruas de São Paulo viraram passarela para um desfile de pingentes em forma de cruz, cordões com medalhas e uma infinidade de símbolos religiosos ou amuletos. A mania de jóias e bijuterias que servem para "proteção" começou tímida, no ano passado, com as pulseirinhas de Nossa Senhora Desatadora de Nós, que prometiam desembaraçar a vida de quem as usasse. De lá para cá, as crenças nos poderes mágicos de santos, símbolos esotéricos e até ideogramas, comuns entre os orientais, só cresceu. "Quando preciso estar com a energia boa ou vou encontrar muitas pessoas, não deixo de usar meu ideograma, que significa a dupla felicidade", conta a operadora de turismo Cecília Cristina Oliveira, de 45 anos. Ela comprou sua jóia há seis meses. "Precisava de algo que me trouxesse prosperidade." Lojas e fabricantes desses adereços investiram em novas linhas, para atender desde os católicos até quem acredita na influência dos orixás. O resultado é que nas lojinhas da Rua 25 de Março é possível encontrar uma infinidade dessas bijuterias. Uma cruz com pedras azuis sai por R$ 12,00. Já um pentagrama, usado pelos adeptos da wicca, a bruxaria moderna, custa menos de R$ 5,00. Com paciência dá para encontrar os tais ideogramas por R$ 3,60 ou uma gargantilha com medalhinhas de São Bento a R$ 8,00. E a moda chegou até os camelôs. O mercado popular segue o sucesso lançado pelas marcas mais tradicionais de jóias, que puseram seus designers para criar linhas exclusivas. Há peças mais simples e até as mais elaboradas, como um crucifixo de ouro branco e diamantes, feito na Itália pela Damiani e vendido na Talento Jóias por US$ 3.456,00. Já a Vivara tem a linha Símbolos, com ideogramas, a dedicada ao Egito e a Origens, com motivos judaicos, além de vários tipos de cruzes. "Após os atentados de 11 de setembro, as pessoas sentiram sua vulnerabilidade", diz a designer da marca, Deborah Rosenblit. Novela Ela explica que os crucifixos são um fenômeno à parte. "A Madonna usou um em seu último clipe, a novela o Beijo do Vampiro está no ar e as próprias pessoas da moda estão querendo fazer algo mais ligado à essência do que à futilidade", afirma Deborah. A tendência é tão forte que atrai até mesmo quem não vê significados especiais no símbolo. É o caso da evangélica Priscila Santos, de 24 anos, que queria um crucifixo. "Procurei apenas porque está todo mundo usando, mas na minha religião ele não tem tanto simbolismo." Porta-voz da H.Stern, Christian Hallot diz que as cruzes são reconhecíveis "até debaixo d´água". "Além de serem bonitas, têm o poder de concentrar muitos significados num só símbolo", afirma Hallot, que é católico e há 25 anos "não larga" seu crucifixo. Segundo ele, as peças estão in em correntes de ouro, cordões de couro ou fitas. "Há variações com pedras, brilhantes, sem nada." A H.Stern divide suas peças desse gênero em religiosa e mística. No primeiro grupo estão jóias para católicos, com quase todos os santos, para judeus, como a estrela de Davi, budistas e seguidores das religiões afro. No que foi chamado de Panteão dos Orixás, estão presentes deuses como Xangô e Oxum. Segundo Hallot, as peças com motivos religiosos estão entre as que mais são vendidas pela grife, seja para uso pessoal ou para presente. O estudante Philip Braun, de 20 anos, por exemplo, ganhou sua estrela de Davi da mãe. "Não largo a medalha nem para ir à praia." A H.Stern ainda criou uma linha mística, mais ligada às crendices. "São peças em forma de sapos, que trazem sorte e fertilidade, fênix e escaravelhos." Por crença ou moda, os acessórios estão nas vitrines - e em pescoços, pulsos e orelhas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.