Jogadores de futebol são grupo de risco da hepatite C

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Por Agencia Estado
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Jogadores de futebol são grupo de risco para a transmissão de hepatite C e para outras doenças transmissíveis pelo sangue. Nos anos 70 e 80, era prática comum entre os esportistas, usar injeções de estimulantes para ajudar no desenvolvimento esportivo. Os jogadores compartilhavam as seringas, o que teria causado a infeção não só da hepatite C, mas de doenças que muitos deles ainda desconhecem. Uma pesquisa realizada pelo professor universitário Francisco José Dutra Souto, hepatologista da Universidade Federal do Mato Grosso, aponta que 7% dos jogadores pesquisados, estavam infectados. As estatísticas da doença no país não ultrapassam 2%. "Os dados apontam um número bastante alto", diz a coordenadora do programa de hepatite do Ministério da Saúde, Gerusa Figueiredo em entrevista a Agência Brasil. O hepatologista acredita que esse seja um problema de saúde pública. O pesquisador diz que muitos médicos ainda desconhecem essa associação e que os próprios jogadores têm preconceito em relação ao assunto. Para o ex-jogador Péricles Carvalho, que jogou em times do interior de Minas, Goiás e Paraná, o uso de estimulantes era muito comum naquela época. "Eu vi várias vezes. Os jogadores tomavam injeção e compartilhavam a mesma seringa", confirma o ex-atleta. Péricles diz, ainda, que embora hoje em dia a estrutura seja diferente, a prática de injeções estimulantes pelos jogadores de futebol é uma realidade. "Se os top de linha usam, imagina os do interior", diz ele. O vice-presidente da Federação Metropolitana de Futebol do Distrito Federal, Paulo César Araújo, também confirma a prática daqueles anos. Mas "Paulinho", como é conhecido, diz não acreditar que ainda hoje os jogadores façam uso dessas injeções. "Hoje o a tleta é muito monitorado e a prática para desenvolvimento é diferente", diz. A coordenadora do programa de hepatite do ministério da saúde, não descarta a possibilidade de trabalhar especificamente com o público de jogadores de futebol. A preocupação existe. Em viagem recente a Natal (RN), Gerusa recebeu relatos de casos até de j ogadores eventuais de futebol fazendo uso de injeções estimulantes. A coordenadora acredita na prevenção e, para isso, o ministério da saúde vai distribuir planfletos informativos alertando toda a população. O uso de um alicate de unha, fazer uma tatuagem ou um piercing, se não for de forma adequada, com material esterelizado e descartável, pode transmitir a doença. "A hepatite C é transmitida pelo sangue, qualquer contato deve ser feito com o máximo cuidado ", alerta a coordenadora do programa de hepatite. Gerusa diz ainda que entre 70% e 80% das pessoas com hepatite C não apresentam sintomas. Segundo a coordenadora, os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que no Brasil existem três milhões de pessoas infectadas. O pesquisador Francisco José, aconselha os ex-jogadores a procurarem médicos e fazerem exames para detectar ou não possíveis doenças transmissíveis em decorrência do uso compartilhado das seringas. O estudo, realizdo no Mato Grosso, não pode apontar os dados para todo o país, mas Franciso estima que os índices nacionais possam variar entre 3% e 10% de portadores da doença entre ex-jogadores de futebol, que foram infectados por uso compartilhado de seringas.

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