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Jobim quer que militares o vejam como aliado

Por NATUZA NERY
Atualização:

O novo ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou nesta quinta-feira, na cerimônia de transmissão de cargo, que os militares têm nele um aliado que sabe ouvir e dizer não. Ele afirmou que assessores devem ser mais eficientes e que sua máxima é "aja ou saia". "Tenham a mim, senhores oficiais, como um aliado. Aliado absolutamente transparente, que precisa ouvir ''não'' e que também sabe dizer ''não"'', declarou em discurso Jobim, que foi empossado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quarta-feira ao substituir Waldir Pires. No discurso, Jobim pediu um minuto de silêncio em memória das vítimas do acidente ocorrido em Congonhas com o Airbus da TAM, mas também disse que é preciso "consumir o tempo do lamento para construir soluções" para o setor aéreo. Jobim fez discurso com sentido político muito forte e buscou na história de Dom Pedro 2o o exemplo de que é preciso integrar e unir as Forças Armadas no Brasil. Ele citou também o primeiro-ministro inglês Benjamin Disraeli (1804-1881) na frase "never complain, never explain, never apologize (nunca se queixe, nunca se explique, nunca se desculpe), aja ou saia, faça ou vá embora". Ele ressaltou que a história cobra resultados, e que não basta ficar nas intenções. No final do discurso soltou uma frase enigmática, dizendo que assessores precisam saber mais que os assessorados, do contrário são "inúteis". "Assessores que sabem igual ao assessorado não servem para a assessoria, servem para bajulação", disse. Há especulações de que o ministro vai alterar parte da estrutura do ministério e pode trocar subordinados, como o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira. Jobim recebeu carta branca de Lula para enfrentar a crise aérea. O discurso de Jobim foi visto por oficiais presentes à cerimônia de transmissão de cargo como "extremamente positivo", pois indicou a disposição do ministro de atuar com "transparência" e rigor, sobretudo em relação aos problemas crônicos da aviação civil. O novo titular da Defesa pediu "união de todos" e, apesar de reconhecer que é preciso identificar as resposabilidades do passado sobre a atual crise, disse que o tom de sua gestão será o de buscar soluções para o futuro. "Há aqueles que se satisfazem na retaliação exclusiva ao passado e aqueles que querem o ajuste de contas exclusivo com o futuro... é exatamente essa nossa destinação." Ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, a única crítica que Jobim recebeu foi a de que ele não é um especialista da área da defesa, que reúne a Aeronáutica, o Exército e a Marinha.

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