Jobim nega corrida armamentista na América do Sul

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Por FRANK JACK DANIEL
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A América do Sul tem o direito de fortalecer suas Forças Armadas, mas não está promovendo uma corrida armamentista, disse na segunda-feira o ministro da Defesa, Nelson Jobim, que está na Venezuela para discutir a criação de um conselho regional de defesa. Num momento em que os países aproveitam os preços elevados do petróleo, dos metais e dos produtos agrícolas para se armar, Jobim disse que a América do Sul precisa de poderio militar para conquistar influência no mundo. "Não há corrida armamentista na América do Sul. É importante que os países tenham armas. A projeção do poder da América do Sul depende das suas forças dissuasivas de defesa", afirmou Jobim após encontro com o presidente venezuelano, Hugo Chávez, um inimigo dos EUA que usa o dinheiro do petróleo para modernizar suas forças. De forma equivalente, Brasil e Chile também aproveitam o faturamento das suas commodities agrícolas e minerais para investimentos bélicos, enquanto o Haiti e outros países pobres da América Central tem dificuldades até para adquirir alimentos e energia, cujos preços atingem recordes. A Venezuela, que é membro da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), comprou recentemente jatos e rifles russos. O Brasil pretende adquirir um submarino nuclear para atualizar suas Forças Armadas, que são grandes, mas têm equipamentos obsoletos. Alguns analistas temem que os maiores investimentos militares e as diferenças políticas entre Venezuela e Colômbia levem a uma corrida armamentista desestabilizadora na região. O Brasil aspira a uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU. Jobim propôs inicialmente a criação do conselho regional de defesa durante a crise protagonizada em março por Colômbia e Equador. Jobim disse que a intenção não é dar capacidade operacional ao grupo, e sim a possibilidade de coordenar as políticas de defesa. O gasto militar da Venezuela atingiu 1,92 bilhão de dólares em 2006, aumento de 67 por cento em relação a 2003, segundo a consultoria sueca Sipri. Já os gastos militares brasileiros cresceram 13 por cento desde 2003, segundo a consultoria, atingindo 13,5 bilhões de dólares em 2006. Finalmente a Colômbia, que recebe ajuda militar dos EUA na luta contra rebeldes marxistas e narcotraficantes, gasta mais com armas do que seus vizinhos em termos de proporção do PIB. Jobim, que nesta semana vai a Guiana e Suriname, disse também que pretende visitar todos os demais países da região, da Argentina à Colômbia, para promover o conselho regional de defesa.

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