PUBLICIDADE

Jobim justifica decisão de suspender quebra de sigilos de Okamotto

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, disse, nesta terça-feira, que fazem parte da "síndrome da conspiração" as críticas à sua decisão de suspender a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, que é amigo próximo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A quebra de sigilo tinha sido determinada pela CPI dos Bingos, mas Jobim concluiu que o requerimento não estava devidamente fundamentado porque baseou-se apenas em reportagens publicadas na imprensa. "Isso (as críticas) faz parte daquela síndrome da conspiração que domina normalmente esse tipo de situação. Mas faz parte do jogo. Já conheço isso há muitos anos", disse Jobim. Para o presidente do Supremo, esse tipo de crítica é normal. "Todos aqueles que perdem pretensões acabam reclamando. Não há nenhuma razão para ficar agastado com coisa nenhuma. Aliás, estou acostumado com isso". Além das críticas feitas por parlamentares, a decisão de Jobim foi questionada pelo presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato. "Sem conhecer as razões da decisão do ministro, lamenta-se o cerceamento da ampla investigação que deve ter uma Comissão Parlamentar de Inquérito. A transparência e a ampla investigação são os antídotos contra a impunidade. Prefiro, portanto, que na garantia do Estado Democrático de Direito, esse seja o bem maior a ser preservado", disse Busato. Jobim disse que todas as decisões do Supremo são baseadas na Constituição Federal. "E o pressuposto constitucional é o direito ao sigilo. Ou seja, para romper o direito ao sigilo tem de ter grandes fundamentações e grandes elementos. Não pode ser algo que seja voluntariosamente tomado por qualquer tipo de atividade". Segundo Jobim, o requerimento aprovado pela CPI tinha basicamente dois problemas: baseou-se em reportagens e não indicou um fato concreto para delimitar o período de abrangência da quebra de sigilos. "Há vários fundamentos. Um deles é que, no caso específico, o fundamento seria notícia de jornal, o que nós (o STF) não aceitamos. E também a latitude da fixação do prazo". O presidente do STF explicou que no processo não havia qualquer referência a suspeitas envolvendo Okamotto surgidas após a quebra de sigilos do PT. "O que a gente decide é em cima do que consta. No texto do requerimento não constava referência alguma. Referia a dois jornais ou revistas. Só isso". Jobim disse que se um novo requerimento de quebra de sigilo de Okamotto for feito pela CPI, o fato poderá ser reexaminado pelo Supremo. "Vamos verificar o que vai acontecer. Mas cada coisa no seu tempo". Jobim não confirmou a informação de que deverá se aposentar do STF em março para retornar à política. Ele é cotado para ser o vice na chapa encabeçada por Lula. "Cada coisa no seu tempo. Cada tema no seu lugar", disse.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.