Jefferson lista Lula e FHC como testemunhas

Relação de 33 nomes que ele indicou para depor em sua defesa tem ainda Aécio, Alckmin e Dilma

Por Talita Figueiredo
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encabeça a lista de 33 pessoas que o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) indicou para serem ouvidas em sua defesa prévia no processo do mensalão. O texto,entregue anteontem à Justiça, arrola outros nomes de peso como testemunhas, incluindo a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, e o ex-governador Geraldo Alckmin. Jefferson se diz inocente dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, dos quais é acusado. Ele teve o mandato cassado e é um dos 40 réus no inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o mensalão, o suposto esquema de mesada para que parlamentares votassem a favor do governo. No texto, Jefferson afirma que os R$ 20 milhões repassados pelo PT ao PTB, quando era seu presidente, faziam parte de um acordo para as eleições de 2004 e não se destinavam a pagar apoio a projetos no Congresso. "Não se trata, portanto, como dito na denúncia, de propina. É recurso lícito, fonte de arrecadação prevista em lei e destinada à eleição municipal de 2004", alega. Ele também garante que, como parte do governo, as bancadas do PTB "sempre votaram e conformaram sua base" de apoio. "E isso é conceitual e rudimentar na prática parlamentar e política, que aqui se quer criminalizar. Mas crime não é." Segundo o texto, não há "nada incomum, estranho ou ilícito" de Jefferson, "então líder do PTB na Câmara, defender e votar a favor da reforma da Previdência e da tributária". CERTIDÕES O ex-deputado alega que, segundo a denúncia, "ficou comprovado o pagamento periódico a parlamentares para votar projetos de iniciativa ou interesse do presidente, por parte inclusive de ministros, co-réus neste estranho e incompleto processo criminal". Jefferson diz ter alertado Lula sobre o mensalão e anexou ao processo certidões que provariam que ele não pediu investigação. Por lei, testemunhas em processos judiciais são obrigadas a comparecer. O presidente, por ter foro privilegiado, pode marcar data e hora do depoimento. A lista de Jefferson inclui ainda o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, seu antecessor, Walfrido Mares Guia, o da Agricultura, Reinhold Stephanes, o ex-ministro Silas Rondeau, os deputados Arlindo Chinaglia e Antonio Palocci, do PT paulista, Aldo Rebelo (PC do B-SP), Miro Teixeira (PDT-RJ), Ciro Gomes (PSB-CE) e Pedro Fernandes (PTB-MA), os ex-deputados Eduardo Seabra, Luiz Carlos Santos, Antônio Britto e Gastone Righi, Aloysio Nunes Ferreira, secretário da Casa Civil paulista, Waldomiro Diniz e Marcelo Sereno, ex-assessores da Presidência, Duciomar Costa, prefeito de Belém, José Arnaldo Rossi, Francisco Sperandeo, João Domingos, Roberto Salmeron, Miguel Horta, Carlos Eduardo Moreno, Jair dos Santos, José Hertz, Alexandre Chaves e Carlos Dunga.

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