
30 de junho de 2010 | 19h08
BRASÍLIA - O presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, chamou nesta quarta-feira, 30, o DEM de "oportunista" por acreditar que a insistência do partido em indicar o vice na chapa do candidato do PSDB à presidência da República, José Serra, se deve à tentativa de "lavar a honra" atingida pela renúncia de seu único governador, José Roberto Arruda, por conta dos escândalos de corrupção no seu governo. "Querem lavar a cara no prestígio do Serra", criticou. "Cada um deve carregar a sua cruz".
Jefferson garantiu que a sua divergência com relação à escolha do vice não altera a decisão de seu partido de apoiar o candidato tucano. Ele acredita que o procedimento teria sido outro, se o PSDB não tivesse arrastado tanto a expectativa de ter como vice o ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves.
Por que o senhor critica a decisão do DEM de indicar o candidato a vice de José Serra?
O erro (do partido) foi impor ao Serra um vice que ele não queria. Entendo que o DEM não agiu bem. Foi oportunista porque sabe da necessidade que o Serra tem dos 2 minutos na televisão e no rádio e impôs um vice, quando era muito mais seguro formar uma chapa puro-sangue. Era muito mais seguro uma chapa fechada no PSDB para que a candidatura não ficasse vulnerável.
Quais são os motivos dessa vulnerabilidade?
Porque tem aí um passado muito recente, do Arruda. Há um forte comentário de dossiês nas mãos de advogados , um fortíssimo comentário e um aloprado faz qualquer negócio por um dossiê desse. Eu não sei qual é a chance de um advogado resistir com esse segredo debaixo do braço. E também porque esses detalhes terão um peso louco lá pra meados de setembro. O DEM forçou muito, forçou demais, demais, demais .
O fato de o vice, deputado Índio da Costa, ser ligado à família do presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia, piora a situação?
Não, não. Os Maias são os donos do DEM. Quando César Maia (ex-prefeito do Rio de Janeiro) comprou o PFL, comprou o ponto. Mudou a razão social para fugir do fisco, fez o Democratas e botou o filho como presidente. E ainda escreveu na porta: sob nova direção.
Suas críticas podem ser entendidas como represália ao fato de o vice não ser do PTB?
De jeito nenhum. O que é que eu quero é proteger o Serra. Ele tem de ser protegido e ajudado, não é a gente aproveitar o momento para lavar a honra com a força moral que ele tem. Lavar a cara com o prestígio do Serra. Cada um carrega sua cruz.
O PSDB foi inábil por deixar a escolha do vice se arrastar até o prazo final?
Ocorre que o Aécio ficou muito tempo na porta. A luta por baixo já havia, mas contra o nome do Aécio ninguém se lançava. O PSDB tinha um candidato; o PSC também, nós tínhamos o Benito (ex-deputado Benito Gama) e eles tinham lá o candidato deles que eu não sei quem é, pode ser o Índio.
O PTB vai relaxar no apoio a José Serra?
Não e não, nós não vamos romper, nós vamos apoiar o Serra. Serra presidente! Não nego fogo nisso. Não vamos criar embaraço. Só vou falar sobre isso hoje e nunca mais vou repetir. Não fiquei satisfeito, achei que não foi correta a posição do DEM para com o Serra. Nós precisamos fortalecer o nosso candidato. Não fragilizá-lo. Dar força a ele, não enfraquecê-lo, fazê-lo avançar, não recuar.
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