Janot pensou em fazer 'grand finale', diz Gilmar

'Ele fez jus a tudo o que plantou', disse o ministro ao criticar o procurador-geral da República

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Por Andrei Netto
Atualização:

PARIS - O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes voltou a disparar contra o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, nessa quarta-feira, 6, em Paris, onde está em agenda oficial. Segundo o magistrado, a denúncia oferecida pelo procurador contra os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff nesta terça-feira, 5, e a próxima denúncia contra o presidente Michel Temer são tentativa "de fazer um grand finale". 

Ministro Gilmar Mendes Foto: Andre Dusek/Estadão

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As críticas foram feitas ao final de um compromisso oficial no Ministério das Relações Exteriores da França, onde discutiu temas como financiamento de campanhas eleitorais, controle de gastos partidários e corrupção no Brasil e na América Latina. Na saída da reunião, o ministro disse não querer fazer uma apreciação jurídica da denúncia feita contra membros da cúpula do PT, entre eles Lula e Dilma, mas não se furtou a fazer o que chamou de "uma análise política". 

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"Eu imagino que o procurador-geral pensou em fazer um grand finale, oferecer várias denúncias, inclusive a última contra o presidente da República. Mas acho que ele conseguiu coroar dignamente o encerramento de sua gestão com esse episódio Joesley", afirmou, de forma irônica. "Ele fez jus a tudo o que plantou ao longo de todos esses anos, e essa será a marca que nós vamos guardar dele, o procurador-geral da delação Joesley, desse contrato com criminosos, dessa fita." 

O ministro voltou a acusar Janot de ter "tentado envolver" do STF nas denúncias de corrupção, o que segundo ele mostra a "pouca qualidade institucional" do procurador. "A grande confirmação é de que a procuradoria trabalhou muito mal nesse episódio, de que ela se envolveu, que tinha objetivos, a partir do próprio braço direito do procurador-geral", afirmou, referindo-se ao ex-procurador Marcelo Miller, suspeito de ter auxiliado o empresário Joesley Batista a organizar a gravação de conversas privadas – inclusive com Michel Temer – e a selar o acordo de delação premiada enquanto estava no cargo.

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Para Gilmar, as indicações de Dilma Rousseff à candidatura à presidência e a de Janot para o cargo que ainda ocupa são os "dois legados" do "lulo-petismo".

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O ministro disse ainda que os supostos erros de Janot são de responsabilidade de Lula e do PT, que o nomeou para o comando da PGR. "Se nós fomos fazer um balanço do legado do lulo-petismo podemos pensar em duas marcas – há muitas, mas duas marcas importantes: a indicação de Dilma Rousseff para a presidência da República e a indicação de Rodrigo Janot", disse, em mais uma ironia. "Elas são inesquecíveis."

Após o anúncio de Janot, Gilmar chegou a dizer que o acordo fechado pelo procurador-geral da República é a "a maior tragédia que já aconteceu na PGR".