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Janot condiciona acordo a confissão de culpa de executivos da Lava Jato

Para procurador-geral, não há como reduzir ou extinguir penas se suspeitos não admitirem que cometeram crimes

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Por Beatriz Bulla
Atualização:
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot Foto: Dida Sampaio/Estadão

BRASÍLIA - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sinalizou que um acordo com as empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato dependeria da confissão de culpa dos executivos envolvidos. Ele confirmou que foi procurado por advogados das empreiteiras, segundo relatou reportagem do

Estado

, que tentaram firmar um "acordão" para diminuir a pena imposta em uma possível condenação.

"Eles (advogados) disseram que ficaria muito difícil para as pessoas físicas reconhecer culpa. A partir do momento que uma pessoa não quer reconhecer culpa em uma delação premiada, não há possibilidade de acordo", disse Janot, ao chegar para a sessão de ontem do Supremo Tribunal Federal.

Dirigentes das empreiteiras envolvidas na investigação estão presos desde o dia 14, quando foi realizada a sétima fase da Operação Lava Jato, batizada de Juízo Final. Janot disse, em outras ocasiões, que não aceitaria um "cartel de leniência". Agora, o procurador-geral deixa claro que é preciso que os executivos assumam a culpa.

Apesar de dar o tom do que deve ser a postura do Ministério Público Federal no caso, Janot orientou aos defensores das empreiteiras que falem com os procuradores da República que integram a força-tarefa montada no Paraná para trabalhar com as investigações da Operação Lava Jato.

"É muito difícil um acordo em que as pessoas físicas das empresas não assumam a culpa pelos atos ilícitos que estão sendo investigados. Mas essa é uma questão que toca aos meus colegas de primeiro grau", completou o procurador-geral.

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Janot fica responsável apenas pelos casos em que há investigados com prerrogativa de foro, como políticos com mandato eletivo no Congresso. Os demais devem ter seus respectivos processos conduzidos na Justiça de primeiro grau.

Youssef.

O conteúdo da delação premiada feita pelo doleiro Alberto Youssef à Justiça do Paraná deve chegar às mãos do procurador-geral ainda nesta semana, segundo previsão do próprio Janot. Após análise dos depoimentos do doleiro, o Ministério Público Federal vai pedir a abertura dos primeiros inquéritos contra parlamentares e autoridades com foro privilegiado no Supremo.

A avaliação é de que, com as delações de Youssef e do ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, já será possível traçar um quadro geral do esquema e, com isso, pedir autorização do Supremo Tribunal Federal para iniciar as investigações de políticos.

"Estamos aguardando o Youssef, porque juntando os dois (a delação do doleiro e a do ex-diretor da Petrobrás) temos uma visão de contexto, de conjunto, para definir a estratégia perante o Supremo Tribunal Federal", disse o procurador-geral.

Anteontem, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa afirmou, durante sessão da CPI mista da estatal, que citou "algumas dezenas" de políticos na delação premiada. Só os casos de foro privilegiado ficarão no Supremo, para evitar um "maxiprocesso", conforme definiu o procurador-geral.

Janot não soube precisar se conseguirá abrir os inquéritos ainda neste ano, mas garantiu que dará "prioridade a esse trabalho, com certeza".

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