PUBLICIDADE

Jader compara apoio a pacote anticorrupção à popularidade de Hitler e Mussolini

Senador do PMDB-PA questiona pressão de procuradores contra medidas em debate pelo Congresso

Foto do author Julia Lindner
Por Julia Lindner
Atualização:
O senador Jader Barbalho (PMDB-PA) Foto: Edilson Rodrigues|Agência Senado

BRASÍLIA - O senador Jader Barbalho (PMDB-PA) comparou o apoio popular ao pacote das dez medidas anticorrupção do Ministério Público Federal (STF) à aceitação que os ditadores Adolf Hitler e Benito Mussolini possuíam. O senador discursou durante debate no Senado sobre o projeto de lei do abuso de autoridade, nesta quarta-feira, 23. "Eu respeito a opinião pública, mas o Hitler tinha o apoio da opinião pública na Alemanha; o Mussolini tinha o apoio da opinião pública na Itália", declarou Jader. O senador, que defende a aprovação da matéria, afirmou que há muitos "movimentos" na internet atualmente contra projetos como o de abuso de autoridade, mas que as decisões legislativas devem ser guiadas pelos debates do Congresso. Para Jader, é preciso chamar "quem tem responsabilidade e experiência" para debater e criar "a melhor legislação possível". "Respeito quando se apresenta um projeto de lei dizendo ter mais de 2 milhões de assinaturas (como as dez medidas anticorrupção). Até um apresentado por um único cidadão merece respeito, mas eu tive 1,8 milhão de votos." Segundo o parlamentar, os procuradores têm preconceito contra políticos, o que classificou como um "absurdo". "O preconceito é um prejulgamento, é um julgamento sem dar o direito de defesa, sem dar o direito do contraditório", afirmou. Jader questionou casos como o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é alvo de inquéritos no âmbito da Lava Jato. Para o senador, Lula perdeu credibilidade durante as investigações e, se for inocentado no final do processo, o prejuízo que sofreu seria irreparável. O senador também insinuou que procuradores utilizem as operações para ganhar destaque. "Procurador que queira se promover deve se candidatar a vereador, deputado, senador, governador. Alguns até tiveram sucesso nisso e houve outros que vieram aqui à Casa dar lição de moral e terminaram como sócio do Carlinhos Cachoeira", disse, referindo-se ao ex-procurador e ex-senador Demóstenes Torres. No início da sessão, Jader afirmou ainda que "buscava respostas" no debate do porquê o projeto seria prejudicial às investigações, como alegam entidades do Judiciário. "Como o Congresso está sendo colocado sob suspeição de que nós queremos inviabilizar a tal operação Lava Jato, eu também não quero sair desta manhã sem ter essa resposta. Onde atrapalha? Ou se quer o direito de combater o crime cometendo o crime?", indagou Jader. O Senado promoverá um novo debate sobre o projeto de lei no dia 1º de dezembro. Foram convidados o juiz federal Sérgio Moro, do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4), responsável pela Operação Lava Jato, e o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), confirmou nesta quarta que a matéria deverá ir a votação no dia 6 de dezembro.