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Jader apresenta amanhã defesa no caso Banpará

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente licenciado do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), promete apresentar amanhã aos colegas senadores e à imprensa o dossiê com sua defesa no caso do desvio de recursos do Banpará e avisa que não aceitará conselhos nem acordos para que renuncie ao comando da Casa. "Isto não é mais um problema político: é uma questão de honra pessoal", sentencia, ao salientar que não permitirá que o destruam sem que provem cada denúncia. "No Estado de Direito há que se provar as acusações e comigo não tem jogo de abafa", adverte Jader, lembrando que ainda lhe restam 40 dias de licença para que tudo se esclareça. O dossiê, confeccionado pelo próprio senador, trará todos os extratos bancários de suas contas pessoais no Citibank e no Itaú do Rio de Janeiro, no período de 1983 a 1987, em que foram objeto das auditorias do Banco Central para investigar o desvio de recursos do Banpará. "Estes documentos vão provar que tudo o que se diz contra mim neste caso não passa de uma farsa", insiste o senador. Jader declarou-se desiludido com a política. "Verifico que a esta altura já não há respeito algum ao homem público e que de nada vale ter um mandato", disse. "Quem tem imunidade hoje não é o político, mas a imprensa que pode dizer tudo o que quer sem apresentar as provas, restando-nos apenas o recurso de um processo na Justiça". Ele lembra que interpelou judicialmente o deputado estadual Mário Frota (PDT-AM) para que este esclareça sua participação no caso das fitas gravadas em que o parlamentar aparece acusando Jader de negociar propina para liberar recursos da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). "O deputado já disse que nunca conversou comigo sobre a Sudam", afirma o senador para exigir, "como cidadão", que o ônus da prova recaia sobre o autor da acusação publicada pela revista Isto É. Apesar da disposição pública de luta e de ser reconhecido como um companheiro solidário que jamais abandona os amigos - haja vista o caso do ex-senador Luiz Estevão, em que Jader votou publicamente contra sua cassação - amigos mais próximos do presidente licenciado não acreditam mais que ele possa escapar da degola. "Ele tem que reagir mesmo e espernear, mas é só para não sair massacrado demais porque sua permanência no Senado torna-se a cada dia mais improvável", diz um velho companheiro do senador. Jader lembra que foi várias vezes alertado de que o bombardeio viria caso ele insistisse em presidir o Senado. "Estou cumprindo a sentença dos poderosos porque fui o único que topei enfrentar um homem do qual todos tinham medo, inclusive o presidente da República", protesta referindo-se ao ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Um senador que acompanha cada lance do drama pessoal do colega salienta que todos sabiam que o preço pela derrota de ACM seria alto, mas que ninguém do círculo íntimo do presidente licenciado imaginava que chegasse a tanto.

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