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Jader admite assinatura em cheque citado pelo BC

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), reconheceu nesta terça-feira ser dele a assinatura em um cheque citado no relatório do Banco Central que investigou desvio de recursos do Banco do Estado do Pará (Banpará). O cheque, no valor de Cr$ 93 mil e datado de 17 de outubro de 1984, teria sido usado para a aquisição de títulos ao portador na agência Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Nesse dia, a mesma aplicação recebeu investimentos com cheque administrativo do Banpará. O senador, porém, garantiu que jamais soube que seu nome estaria envolvido na fraude apurada pelo Banco Central. ?Devo ter dado aquele e tantos outros cheques; qualquer pessoa que tenha conta bancária emite cheques?, justificou. Jader comprometeu-se a mostrar a seus colegas o relatório do BC no qual é acusado do desvio de R$10 milhões do Banpará, logo que receber a cópia do documento solicitada ontem ao presidente do BC, Armínio Fraga. Mas não deixou claro que encaminharia o relatório à Comissão de Ética do Senado e insistiu que, primeiro, precisa conhecê-lo. Jader ameaçou recorrer à Justiça, se não for atendido por Fraga, a quem solicitou também o envio de uma cópia do relatório à Procuradoria da República no Pará. ?Sou inocente e nem sei do que estou sendo acusado?, defendeu-se o senador. À noite, o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, explicou que a Procuradoria não solicitou novamente ao BC cópia do relatório sobre a investigação. A acusação contra Jader por fatos que teriam ocorrido entre 1983 e 1986 superou o prazo de prescrição de cinco anos. Não serve, portando, para responsabilizá-lo criminalmente. O que está em jogo é a condenação política e moral do fato. É a divulgação do relatório do BC que pode comprometê-lo, dando evidências da movimentação de dinheiro público em sua conta pessoal no banco Itaú da agência do Rio. De acordo com a denúncia, os lucros dessas aplicações feitas com o dinheiro eram distribuídos para suas empresas e de familiares. Jader assegurou que ao longo de 17 anos jamais foi chamado pelo BC para dar informações. Como prova, anexou ao ofício cópia da correspondência que recebeu em 1996 do então presidente do BC, Gustavo Loyola, em que ele afirma não constar seu nome na conclusão da fiscalização realizada em 1990 na sede do Banpará. Na época, Barbalho recorreu a Loyola para rebater a reportagem publicada no Estado sob o título Líder do PMDB é acusado em dossiê do Banco Central. O presidente do Senado afirmou que não pretende processar o BC pelo vazamento das informações. Mas disse que está sendo retaliado por ter sido o autor do requerimento para criar a CPI do Bancos. Afirmando estar ?constrangido? pelas acusações, ele por estar sendo acusado em um relatório que ele nem sabe se existe realmente. ?Extrapolam as pretensas acusações até então direcionadas contra mim para atingir meu pai, minha ex-mulher e até o meu filho mais velho que à época referida nas publicações tinha apenas oito anos de idade?, justificou. O presidente do Senado esteve reunido nesta terça-feira com o presidente Fernando Henrique Cardoso numa conversa reservada, no Palácio da Alvorada. A jornalistas, Jader disse que não tratou do assunto do relatório do BC com o presidente, mas, sim, do plano de ação governamental cuja divulgação está prevista para esta quarta-feira. Jader aproveitou para garantia ao presidente de que o PMDB não será um problema no empenho de Fernando Henrique em esfriar o debate sobre a sucessão de 2002 e reunificar sua base política.

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