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Jader acusa deputado de quebrar decoro

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente licenciado do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), defendeu hoje em Belém a abertura pela Câmara de "exaustiva investigação" para apurar o envolvimento do deputado Pauderney Avelino (PFL-AM) na falsa conversa gravada em que seu nome aparece como interessado na cobrança de R$ 5 milhões de propina na extinta Sudam. "Este sim é um caso de quebra de decoro parlamentar", declarou Jader. Em discurso para uma platéia de 1.200 pessoas, em um congresso de lojistas no centro de convenções do Hilton Hotel, Jader disse que a fraude da fita é mais uma "calúnia desmoralizada pelos fatos". E as acusações de desvios de recursos do Banco do Estado do Pará (Banpará), entre 1984 e 1985, seguem o mesmo caminho. Ao microfone, Jader fez uma brincadeira de mau gosto logo que começou a falar. Ele anunciou que o empresário Luiz Paniago, seu amigo, havia acabado de morrer. Pediu um minuto de silêncio, mas passados alguns segundos explicou que aquilo era uma mentira. "Fiz isso, me desculpem, para provar como uma mentira é capaz de mudar completamente a trajetória de vida ou de exemplo de qualquer pessoa." Na avaliação dos senadores Romeu Tuma (PFL-SP) e Jefferson Peres (PDT-AM), que apuram irregularidades atribuídas a Jader, a falsa gravação é um assunto encerrado e não desqualifica as denúncias de desvios do Banpará e venda ilegal de Títulos da Dívida Agrária (TDAs). "Isso é assunto agora é da responsabilidade da Polícia Federal", desdenhou Peres, que insistia que as declarações de Jader em nada mudam as investigações, porque elas não estavam concentradas nas fitas, mas em muitas outras questões. Agenda O Conselho de Ética do Senado pretende ouvir nesta semana três homens que, em postos diferentes no Banco Central, divergiram sobre a participação de Jader, então governador do Pará, no rombo do banco do Estado. Na tarde desta terça-feira, os senadores vão ouvir os que chancelaram a inocência de Jader, o ex-presidente do Banco Central, Francisco Gros, e o procurador-geral do órgão, José Coelho Ferreira. Já o depoimento do auditor Abrahão Patruni Júnior, autor do inquérito que apontou ligação de Jader no desvio dos recursos, ainda não foi marcado. Romeu Tuma espera ouvir Patruni até sexta-feira. Para o pefelista, as divergências devem ser esclarecidas logo. "Eu quero correr com isso, pois o Senado está perdendo tempo." Amanhã, às 11 horas, a presidência do Senado repassará ao Conselho de Ética os 20 envelopes enviados pelo Banco Central com o resultado das apurações sobre o Banpará. O desvio de recursos no banco foi avaliado em R$ 3,08 milhões pelo Ministério Público Federal. Com poder apenas de investigar irregularidades cometidas pelos senadores no exercício do mandato, o Conselho de Ética usará os depoimentos de Gros e Ferreira para confrontar com argumentos de defesa apresentados por Jader Barbalho que, reiteradas vezes na tribuna do Senado, negou participação no esquema de corrupção no Banpará. "Estamos analisando se ele mentiu ao falar sobre o caso", acrescenta Jefferson Peres. Senador desde 1995, Jader só responderá processo de quebra de decoro se houver indícios de faltas cometidas nos últimos seis anos e meio. Também anterior ao mandato de senador, a venda irregular de TDAs teria ocorrido em 1988. "O Senado está parado e sem rumo", avalia o senador Paulo Hartung (PPS-ES). "Só o término dessa investigação permitirá discussão sobre uma agenda para o país."

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