Iveco, da Fiat, vai projetar blindados para o Exército

Modelo será mais resistente, terá 60% de peças nacionais e custará 50% menos que o importado

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O Exército brasileiro escolheu, por meio de licitação, a Iveco, empresa do grupo Fiat com fábrica em Sete Lagoas (MG), para desenvolver o projeto de uma nova família de blindados de combate que vão substituir o Urutu, veículo militar brasileiro fabricado até meados dos anos 80 pela extinta Engesa. Os novos veículos devem agregar alta tecnologia, serão fabricados com 60% de peças nacionais e devem custar em média 50% menos que um modelo importado, hoje cotado a US$ 2,5 milhões. Nos próximos meses, a Iveco deverá apresentar uma proposta com características do veículo como desempenho, tipo de motor, operacionalidade e custos de desenvolvimento. Se for aprovada, a empresa produzirá 16 protótipos que serão testados por até dois anos. Só então o governo brasileiro decidirá se fará a encomenda oficial de veículos, em volume ainda não revelado. "Estima-se que o Exército necessite de aproximadamente 1,2 mil veículos", diz o pesquisador de assuntos militares da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), Expedito Carlos Stephani Bastos. Segundo ele, da frota atual de 600 veículos de combate (dos quais 223 Urutus e os demais Cascavel e M113), fabricados nas décadas de 70 e 80, metade deve "ir para o ferro velho" e metade passará por reforma para ter uma sobrevida por mais 10 a 15 anos. Ele calcula que a nova família ficará pronta num prazo mínimo de cinco anos. A diretoria de comunicação da Iveco informou que o projeto ainda está na fase de definir responsabilidades da empresa e do Exército. A Iveco confirmou que todo o projeto será desenvolvido no Brasil. A matriz do grupo já produz veículos de combate na Itália que são exportados para diversos países, mas não servem para as finalidades exigidas pelo governo brasileiro. Caso o novo veículo seja realmente fabricado no Brasil, abrirá possibilidades de exportação para outros mercados, afirma um porta-voz da Iveco, que produz em Minas Gerais caminhões, microônibus e veículos comerciais. O Exército não se pronunciou sobre o assunto ontem. De acordo com Bastos, os novos veículos devem ser anfíbios, ter blindagem mais resistente, sistema eletrônico central de controle remoto de armas, ter motor mais silencioso, características externas que dificultem sua visualização em combates e pneus resistentes a projéteis de alto impacto. PROBLEMAS Os veículos blindados usados pela missão brasileira que está no Haiti, por exemplo, apresentam problemas de motor e suspensão com freqüência e chegaram a ser perfurados. "A munição que existe hoje é muito diferente da usada na época em que o Urutu foi desenvolvido", ressalta Bastos. Além da Iveco, outras quatro empresas foram listadas pelo Exército brasileiro para participar da licitação: Agrale, Avibras Aeroespacial, Edag do Brasil e Iesa Projetos. Só duas delas, a Iveco e a Iesa, apresentaram propostas. A parte do Exército para o projeto deve vir da dotação especial de R$ 7 bilhões destinada a investimentos nos programas de modernização até 2013. A Iveco não divulgou previsão de investimentos. COLABOROU ROBERTO GODOY

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