Itamaraty estabelece cota para negros no concurso de admissão

A partir do ano que vem, serão aprovados, na fase inicial da prova, 10% a mais de candidatos; eles deversão ser afrodescendentes e precisam atingir o mínimo necessário de acertos, que é de 40% da prova

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Por Lisandra Paraguassu e BRASÍLIA
Atualização:

O Ministério das Relações Exteriores estabeleceu cotas para negros na prova de admissão ao curso de preparação de diplomatas do Instituto Rio Branco. A partir do ano que vem, serão aprovados, na fase inicial da prova, 10% a mais de candidatos. Esses precisarão ser afrodescendentes, desde que consigam alcançar o mínimo necessário de acertos, que é de 40% da prova.

 

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A seleção de candidatos a diplomatas é considerada a mais difícil do serviço público devido ao alto nível de exigência para aprovação e também pelo grande preparo dos candidatos. A prova tem três fases. Na primeira delas, chamada de Teste de Pré-Seleção (TPS), normalmente são selecionados os 300 melhores classificados. A partir de agora, serão classificados outros 30 candidatos, exclusivamente negros.

 

A medida pretende ampliar o acesso de afrodescendentes à carreira diplomática fazendo com que mais candidatos negros passem da pré-seleção. No entanto, a vantagem acaba nessa primeira fase. Depois dessa pré-seleção, as notas dos candidatos são zeradas. A seleção começa novamente com uma prova eliminatória e classificatória de português, em que é preciso acertar 60% das questões, e segue com as provas de geografia, história, política internacional, direito, economia, inglês e uma segunda língua, em que a média de acertos também precisa alcançar 60%.

 

Essa é a segunda etapa do programa de ação afirmativa do ministério. Em 2002, o Rio Branco criou uma bolsa de estudos para candidatos negros. Depois de uma prova e de uma entrevista, os selecionados passaram a receber cerca de R$ 20 mil por ano para que estudassem para os testes de admissão do instituto, desde que comprovassem os gastos com recibos de cursos e livros. Até hoje, 198 candidatos foram beneficiados e 16 conseguiram ser aprovados para o Instituto Rio Branco.

 

No início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva o Itamaraty tomou outra medida para tentar facilitar o acesso de candidatos de renda mais baixa: a prova de inglês, até então eliminatória, passou a ser apenas classificatória, como as demais matérias. A medida causou polêmica na época, já que grupos consideraram que poderia baixar a qualidade dos candidatos admitidos. O MRE alegou que o nível dos candidatos era alto e que alguém com um inglês muito fraco não teria condições de ser aprovado.

 

Atualmente, a carreira diplomática tem um salário inicial de aproximadamente R$ 12 mil. O próximo concurso, no início de 2011, prevê apenas 26 vagas, quando nos últimos quatro anos foram selecionados 100 candidatos por ano. No entanto, com o fim da ampliação do quatro diplomático, a previsão agora é apenas de vagas para reposição de diplomatas aposentados.

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