Itamar se diz contra reeleição e lista fechada em pleito

PUBLICIDADE

Por Andrea Jubé Vianna
Atualização:

O senador e ex-presidente Itamar Franco (PPS-MG) abriu dissidência na reunião da Executiva Nacional do PSS, convocada para debater na tarde de hoje a reforma política. O objetivo da reunião, no entanto, era afinar o discurso entre os filiados e definir as prioridades do partido nas comissões constituídas pela Câmara e pelo Senado para analisar o assunto.Indicado como representante do PPS na comissão da reforma política do Senado, o ex-presidente Itamar Franco defende o fim da reeleição para os cargos majoritários e se opõe às listas fechadas partidárias nas eleições proporcionais (deputados e vereadores).Para Itamar, os partidos constituem-se numa "estrutura viciada, em que quatro ou cinco dirigentes mandam". Ele relatou que viveu essa experiência em outros partidos e citou o PMDB como exemplo. "Uma hora alguém não gosta mais da sua cara ou da sua atuação e você não tem mais espaço. Isso é um absurdo", criticou. Ele acrescentou que se o PPS apoiar o voto em lista, vai pedir autorização para se declarar contrário à proposta.O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE), observou que a maioria dos sistemas eleitorais na América Latina e na Europa adota o voto em lista partidária. Admitiu, entretanto, que se o sistema vigorasse no Brasil, excluiria candidatos que despontam como campeões de votos. "Numa lista pré-ordenada, Tiririca seria o último da lista. No entanto, ele foi o deputado mais votado no Brasil", ponderou.ReeleiçãoPara Itamar, a reeleição para os cargos majoritários atenta contra a ordem constitucional brasileira. Ele afirma que "é muito invisível a linha que separa o candidato do mandatário. Quando o candidato está de terno é o governador, o prefeito. Depois ele tira a gravata e o paletó e vira candidato. Mas continua com a caneta no bolso", criticou. "É muito difícil derrotar um candidato no cargo", concluiu.O deputado Sandro Alex (PR), que representará o PPS na comissão da reforma política na Câmara, se contrapôs a Itamar e defendeu a continuidade da reeleição. Ele ressalvou, entretanto, que a reforma deve instituir a obrigatoriedade da desincompatibilização do cargo do candidato que buscar a reeleição.A proposta em análise pela Executiva Nacional do PPS contempla o voto distrital misto, a admissão de candidatos avulsos (sem filiação partidária), o fim da exigência de um ano de filiação para o candidato, o financiamento público das campanhas e o voto em lista partidária. O PPS também propõe a revisão do número de deputados, estabelecendo um mínimo de quatro e um máximo de 80 por Estado. Atualmente, a menor bancada estadual tem oito integrantes e a maior, 70 (no caso de São Paulo).

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.