Itamar procura apoio da cúpula do PMDB

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), deu o primeiro passo concreto para consolidar a candidatura ao Palácio do Planalto dentro do partido: procurou representantes da cúpula que o derrotou em convenção nacional para apoiar a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso, dando sinais de que deseja ser o candidato de todos os peemedebistas em 2002. "As tratativas são de aproximação, e a primeira conversa já aconteceu", confidenciou nesta segunda-feira o líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), a um correligionário. Os desdobramentos políticos desta primeira aproximação ainda são uma incógnita para Geddel, mas não há quem conteste que a iniciativa acrescenta um novo ingrediente ao conflito interno que aflige a cúpula peemedebista. Os cardeais da legenda estão divididos. Um grupo, em que se inclui o presidente do Congresso, senador Jader Barbalho (PMDB-BA), acredita que será possível compor as alas governista e rebelde na convenção de setembro, lançando um presidente de consenso e tirando apenas um "indicativo" de apoio à candidatura própria na corrida presidencial de 2002. Mas outros dirigentes peemedebistas, entre os quais o deputado Michel Temer (SP), não vêem como evitar o "desembarque" do governo no caso, muito provável, aliás, de a convenção aprovar o lançamento de um candidato ao Planalto. Temer e Geddel são dois representantes do grupo que não vê como a sigla possa aprovar a candidatura própria sem abrir mão dos cargos que tem no governo federal, em Brasília e nos Estados. Eles defendem a tese de que não é correto, nem tampouco ético, falar em candidato próprio e manter o quinhão peemedebista de poder na Esplanada dos Ministérios. Argumentam que, uma vez oficializada a candidatura própria, os postulantes ao posto sairão a campo imediatamente, com um discurso de oposição ao Planalto. A avaliação geral é que os ataques ao governo serão inevitáveis até porque os presidenciáveis do PMDB jamais serão candidatos oficiais do governo. Quem não tem possibilidade de se apresentar como candidato do Planalto, tampouco terá condições de assumir o papel de "linha auxiliar" do governo. "Se só existe um candidato do governo, e este nome não sairá do PMDB, nosso candidato só poderá ser de oposição", afirma um cardeal peemedebista. Também não há quem discorde de que não será tarefa fácil sustentar a candidatura própria e um discurso solidário ao governo, desgastado pela ameaça de apagão e o desmoronamento do cenário econômico otimista previsto para este ano. Isto sem falar nos dramas internos. Afinal, lembra um dirigente nacional da agremiação, mesmo solidários com Jader, que não consegue se ver livre das denúncias constantes de corrupção envolvendo o nome dele, todos reconhecem que tamanho bombardeio torna frágil a imagem do PMDB junto à opinião pública. Tudo isto, em que pese a preocupação geral com a governabilidade. Muitos cardeais do PMDB têm argumentado que o partido não pode desembarcar "serenamente" do governo pelo simples motivo de que o Executivo não se sustentará sem o apoio da legenda. A tese, neste caso, é que o PMDB é parte deste governo e, por isto mesmo, não pode se dar ao luxo de bater a porta quando julgar conveniente. Tanto que até os que julgam que a partir de setembro será incompatível sustentar a candidatura própria e o apoio ao governo, simultaneamente pregam o dever da responsabilidade política da sigla, em qualquer circunstância.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.