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Itamar pode voltar ao PMDB para enfraquecer Jáder

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Por Agencia Estado
Atualização:

O vice-governador de Minas, Newton Cardoso (PMDB), deu hoje como praticamente certo o retorno do governador Itamar Franco ao partido, do qual ele se desligou em dezembro de 1999. Newton foi homenageado em um jantar em Brasília, na terça-feira, do qual participaram ministros e lideranças peemedebistas, entre elas o atual presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP). O vice aproveitou o evento para costurar o reingresso de Itamar no PMDB e a idéia de que ele possa ser o candidato do partido na próxima eleição presidencial. Segundo ele, o governador autorizou-o a iniciar os entendimentos, dos quais poderia nascer a candidatura de Itamar à Presidência da República. A filiação de Itamar aconteceria depois do Carnaval. "Houve total boa vontade e uma aceitação unânime para a volta do governador ao PMDB", disse o vice, referindo-se às conversas com a cúpula peemdebista. "Eu já tinha discutido com Itamar a necessidade de que ele entrasse em um partido grande e o PMDB é a sua primeira casa", acrescentou. Newton lembrou ainda que, caso Itamar entre de novo no PMDB, não deverá enfrentar obstáculos a uma eventual candidatura ao Palácio do Planalto. Para ele, o senador Pedro Simon (PMDB-RS), um dos mais cotados, no momento, para uma eventual cabeça de chapa peemedebista, não relutaria em abrir mão dos seus planos em favor do governador mineiro. "O Simon é grande amigo do Itamar, foi seu ministro, e não haveria porque haver disputa entre os dois", disse. Barbalho O governador mineiro não quis, hoje, comentar as declarações de seu vice. Nos bastidores do Palácio da Liberdade, no entanto, uma das explicações para a atitude de Newton, embora pouco convincente, é a de que ele e Itamar estariam fazendo um simples "balão de enasaio". O objetivo seria tentar enfraquecer, com a notícia de um possível retorno do governador ao PMDB, a candidatura do senador Jáder Barbalho (PMDB-PA) à presidência do Senado. Itamar considera inimigos mortais Barbalho e outros peemedebistas, ligados à direção nacional do partido, desde a "humilhação" sofrida na famosa convenção do PMDB de maio de 1998, na qual viu frustrados seus planos de candidatar-se à Presidência. Itamar queria ser o candidato, mas recebeu até vaias de colegas de legenda, que optaram por apoiar a reeleição de Fernando Henrique. Divulgando a idéia de voltar ao PMDB, e ainda na condição de forte concorrente à sucessão de Fernando Henrique, o governador poderia prejudicar a eleição de Barbalho no Congresso, vingando-se de seu desafeto. Isso seria feito pela mobilização, contra o paraense, de um grande números de senadores do partido. Costa O presidente do PMDB mineiro, Armando Costa, negou ontem que Itamar Franco possa ser convidado a reingressar no partido. O dirigente, que foi secretário de Saúde de Itamar e, sob denúncias de irregularidades na pasta, deixou o cargo queixando-se de ter sido traído pelo governador, procurou minimizar as declarações de Newton Cardoso. Segundo Costa, "Newton discute as coisas da cabeça dele", já que a Executiva Estadual sequer foi consultada sobre um possível retorno do governador.

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