Itamar ameaça rever dívida de MG com União

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Por Agencia Estado
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O governador de Minas, Itamar Franco (PMDB), ameaçou nesta quarta-feira enviar carta ao governo federal, pedindo a revisão da dívida do Estado com a União em razão do racionamento de energia, cujas medidas deverão ser anunciadas na sexta-feira. De acordo com o governador, não é possível que os "Estados vejam a sua própria economia reduzida pela imprevidência do governo federal". "Não queremos pagar mais os R$ 120 milhões do serviço da dívida do governo de Minas com a União, se a economia brasileira entrar em débâcle (decadência, em francês)", disse. Itamar Franco afirmou que, se o governo federal pode refazer as suas contas, Minas Gerais também terá de refazer suas contas "para evitar que o povo seja mais sacrificado". Perguntado se se tratava de mais uma decretação de moratória, o governador ressaltou que, assim como o governo federal verá a sua capacidade de pagamento reduzida e terá de rever o orçamento, "o governo estadual terá de rever dentro do orçamento a capacidade de pagamento da dívida junto à União". Itamar aproveitou a solenidade de desvio do Rio Grande em Perdões, no sul do Estado, para a construção da Usina de Funil, para provocar mais uma vez o governo Fernanddo Henrique Cardoso. Conforme o governador, enquanto o governo mineiro está investindo em obras que ampliam a geração de energia no Estado, "lá no Planalto, em alguma sala possivelmente acesa, mentes escuras estão decidindo o que fazer com o sistema energético brasileiro". Para o governador, não adianta dizer que o presidente foi surpreendido com a situação de uma crise energética, já que "um presidente da República não pode ser surpreendido com as situações que envolvem o seu dia-a-dia e é para isso que ele tem auxiliares competentes". Segundo Franco, caso a Presidência não tenha auxiliares competentes, "o presidente deveria chamá-los à razão e até agora não o fez", disse. "Se não o fez é porque os auxiliares já haviam dito o que aconteceria", concluiu. O governador mineiro participou da solenidade de desvio do Rio Grande, segunda etapa das obras da Usina de Funil, parceria entre a Cemig (49% de participação) e a Companhia Vale do Rio Doce (51%), que demandará investimentos da ordem de R$ 193 milhões e terá uma potência instalada de 180 megawatts, devendo entrar em operação em dezembro de 2002. Durante a solenidade, o presidente da Cemig, Djalma Morais, informou os projetos da área de geração que estão sendo desenvolvidas pela companhia. Atualmente são nove usinas, sendo oito hidrelétricas e uma térmica, que deverão ampliar a capacidade instalada de geração da companhia em 30%. Em entrevista aos jornalistas ao final da solenidade, o governador mineiro desautorizou o diretor de Distribuição e Comercialização da Cemig, Aluísio Vasconcelos, que na última terça-feira afirmou que a empresa teria um plano emergencial de racionamento de energia para Minas, sem apagões, principalmente para os consumidores residenciais e rurais. Segundo Itamar Franco, o governo do Estado pode até ter um plano emergencial, "mas não pode adiantar, e, se adiantasse estaria errado, uma vez que o plano de racionamento teria que partir do governo federal, quanto ao que pretende e ao que vai fazer quanto à imprevidência que criou", disse.

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