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Itamar ameaça demitir professores

Por Agencia Estado
Atualização:

O governador de Minas, Itamar Fanco (PMDB), ameaçou de demissão, por meio do secretário da Educação, Murilio Hingel, milhares de professores da rede estadual de ensino, em greve há pouco mais 20 dias por reajustes salariais e nomeação de profissionais concursados. De acordo com o secretário Hingel, que comunicou a decisão após reunir-se com Itamar, se a partir de segunda-feira os professores designados - um total 113 mil dos 227 mil docentes estaduais - que estão paralisados não retomarem as atividades, serão dispensados. As negociações entre o governo e os professores não estão evoluindo porque o Estado, em grave crise financeira - de acordo com Hingel, provocada pelas restrições da legislação eleitoral e da Lei de Tesponsabilidade Fiscal -, alega não ter recursos para dar aumentos ao funcionalismo neste ano. A revindicação de nomeação de concursados, no entanto, deverá ser atendida. Ao saber das declarações so secretário, o Sindicado Único dos Trabalhadores em Ensino de Minas (Sindiute-MG) divulgou nota afirmando que a greve irá continuar, a despeito das ameaças. Também informou que o departamento jurídico da entidade estuda maneiras de impedir as dispensas, caso ocorram, já que o direito de greve é assegurado pela Constituição. De acordo com a Secretaria de Educação, a paralisação atingia, ontem, 40% dos profissionais de ensino. O Sindiute estimou em 77% o índice de adesão. Crise e ?novo pacto? O governador Itamar Franco, que no início da semana encontrou-se com o presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), para discutir um eventual socorro financeiro da União a Minas - ele se daria na forma de um acerto de contas entre as partes, com ingresso de cerca de R$ 1,5 bilhão nas contas do Estado -, voltou a defender a criação de "um novo pacto federativo" no País. Desde abril, o governo mineiro já sofreu bloqueio de cerca de R$ 66 milhões em repasses federais, porque não conseguiu pagar parte dos R$ 130 milhões mensais relativos à rolagem da dívida, de R$ 28 bilhões, junto à União. O problema se torna ainda mais grave porque Minas gasta, hoje, 72% de sua receita apenas com o pagamento de pessoal. Se na segunda-feira Itamar tentou um acordo com a equipe econômica federal por meio do tucano Aécio Neves - interessado em aliviar o caixa de Minas para concorrer com maior tranqüilidade ao Palácio da Liberdade, se possível com o apoio do governador, que não descartou ainda a própria candidatura -, hoje ele discutiu o mesmo assunto com um petista: o prefeito da capital, Fernando Pimentel. E não deixou de mostrar, mais uma vez, que tende a apoiar um candidato de esquerda na corrida presidencial, possivelmente Luiz Inácio Lula da Silva. Em nota conjunta divulgada após a reunião, Itamar e Pimentel, com problemas semelhantes de caixa em suas administrações, manifestaram preocupação com "o quadro econômico-financeiro nacional, especialmente com os alarmantes índices de desemprego e com a queda da atividade econômica (PIB), mostrados pelos indicadores divulgados". Na conclusão do documento, os dois alertaram para a "imperiosa necessidade de alterações radicais no modelo sócio-econômico-financeiro, razão pela qual, particularmente os mineiros, devem ter atenção para com as eleições que se aproximam".

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