Italianos protestam contra permanência de Battisti no Brasil

Manifestações ocorreram em frente a representações diplomáticas brasileiras em Milão e Roma.

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Por Guilherme Aquino
Atualização:

Manifestantes se reuniram diante da Embaixada do Brasil em Roma As principais cidades italianas foram palco nesta terça-feira de protestos contra a decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de não entregar Cesare Battisti ao governo da Itália. Entre os manifestantes estavam familiares das vítimas de crimes atribuídos ao italiano, parlamentares e cidadãos comuns críticos à decisão. Em Milão, os protestos ocorreram em dois momentos: pela manhã, enquanto o primeiro-ministro, Silvio Berlusconi, recebia o filho de uma das vítimas, Alberto Torregiani, no aeroporto militar da cidade; depois, cerca de cem manifestantes da Liga Norte, partido de extrema direita aliado do governo, fizeram uma manifestação diante da sede do consulado do Brasil. Faixas com a palavra "vergonha" foram coladas diante do prédio. Outro cartaz continha a imagem de Andrea Campagna, policial morto em 1979 em crime atribuído a Battisti, e, embaixo, uma foto de Battisti com os dizeres em inglês: "Procurado vivo ou morto". Manifestantes gritaram slogans como "Battisti matou os homens, Lula matou a justiça" e "Battista e Lula, o assassino e o seu cúmplice". 'Traição' O ministro da Defesa italiano, Ignazio La Russa, presente na manifestação em Milão e uma da vozes mais importantes do governo Berlusconi, disse à BBC Brasil que a decisão de Lula foi uma "traição". "Foi uma punhalada pelas costas, feita no último segundo, um presente aos extremistas do seu partido. Eu não creio que a grande maioria de brasileiros queira encontrar na rua um homem manchado de sangue e condenado por quatro crimes", declarou. Em Turim - onde fica a sede da Associação das Vitimas de Terrorismo na Itália -, militantes do Partido Liberal, de Berlusconi, acenaram com bandeiras italianas sob uma grande faixa na qual se lia "Brasil, cúmplice dos terroristas - extradição agora". Em Roma, na Praça Navona, em frente à embaixada do Brasil, a polícia reforçou a segurança por causa dos protestos, que reuniram parlamentares, militantes dos partidos de centro-direita e familiares de vítimas. Ao mesmo tempo, nos arredores da embaixada havia cartazes que defendiam a permanência de Cesare Battisti longe da Itália. Eles continham a assinatura de um grupo chamado Militant e traziam slogans como "a perseguição acabou" e agradeciam a "coragem" de Lula. O dia foi movimentado também nos corredores na sede do Ministério de Relações Exteriores da Itália, em Roma. O chanceler Franco Frattini antecipou sua volta a Roma da pausa de fim de ano e se encontrou com o embaixador italiano no Brasil, Gherardo La Francesca, que tinha sido chamado para receber novas instruções para levar de volta a Brasília. A reunião contou ainda com a participação do representante italiano na União Europeia e serviu para avaliar melhor a repercussão do caso Battisti junto aos membros da comunidade europeia. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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