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Irônico, Serra usa jargão de Lula em inauguração de escola

Governador cita o bordão 'nunca na história' e diz que expressão é característica de 'políticos exagerados'

Por Carolina Freitas e da Agência Estado
Atualização:

Possível candidato do PSDB à Presidência em 2010, o governador de São Paulo, José Serra, usou, em tom irônico, um famoso bordão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante inauguração de uma escola técnica em Heliópolis, comunidade da zona sul de São Paulo. "Nunca na história de Heliópolis, o poder público esteve tão presente", disse Serra, que prometeu entregar 52 Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) até o final de seu mandato.

 

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O governador classificou o bordão como característico de "políticos exagerados". "Como diriam os políticos exagerados, vamos fazer tantas (Etecs) quantas foram feitas desde a época do descobrimento (do Brasil)", discursou o tucano.

 

Questionado sobre a fala, que provocou riso entre os cerca de 200 líderes locais, funcionários e alunos da escola que assistiam a cerimônia, Serra tergiversou: "Não vou dar exemplos. Cabe à imprensa apurar."

 

O governador ilustrou o "exagero", no entanto, com um exemplo da atuação do PT na administração municipal, na gestão da ex-prefeita Marta Suplicy. "Quando fui eleito prefeito, achei que Heliópolis era um canteiro de obras, pelo que se falava na propaganda. Cheguei aqui, não tinha nada", disse. "Agora não vou exagerar dizendo que é um canteiro de obras, mas, caramba, mudou bastante."

 

Preocupado em dar publicidade aos atos de seu governo, Serra cobrou da equipe, ao microfone, divulgação dos feitos na esfera estadual e municipal - essa última comandada por seu afilhado político Gilberto Kassab (DEM). Para o governador, no passado havia "muito discurso e pouca ação" e agora há "pouco discurso e muita ação".

 

"Acho até que precisa de um pouco mais de discurso para mostrar aquilo que está sendo feito", declarou Serra.

 

O secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider, acabou levando um puxão de orelha público do governador. Serra disse que teve de "arrancar" do secretário dados positivos sobre as creches da cidade. "Tem um fenômeno psicológico qualquer que o pessoal resiste teimosamente em contar o que está fazendo, um exemplo é o Alexandre", disse. "Na Prefeitura e no Estado é muito difícil levantar o que está sendo feito."

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Antes da bronca, enquanto o secretário de Desenvolvimento, Geraldo Alckmin (PSDB), discursava na abertura do evento, Serra, com o semblante fechado, cobrava os dados de Schneider no fundo do palco. Com as informações na mão, o governador informou que a cidade tinha cinco creches antes de ele assumir como prefeito e agora tem 17. Antes, a Prefeitura atendia 450 crianças nessas unidades, e atualmente atende 2.050.

 

Após as declarações sobre a necessidade de dar mais divulgação aos atos de seu governo, Serra tentou dissociar o pedido de um eventual apetite por mais publicidade. "Temos de intensificar a divulgação. Não se trata de inventar nada, mas de dizer aquilo que está sendo feito para que as pessoas saibam", justificou.

 

Ainda assim, o governador aconselhou, ao microfone, a líder comunitária de Heliópolis Cleide Alves a levar os moradores para um passeio à Etec recém-inaugurada. "Cleide, acho que vale a pena trazer o povo de Heliópolis para ver a Etec. Seria muito interessante."

 

Rivais

 

O governador paulista evitou responder às críticas feitas na sexta-feira, 25, pelo deputado federal Ciro Gomes, autodeclarado candidato à presidência pelo PSB. Ciro chamou Serra de "feio para caramba, mais na alma do que no rosto".

 

"Não entro no baixo nível. Tenho mais o que fazer", reagiu o tucano. Perguntado se ficou aborrecido com os ataques pessoais, o governador negou: "Você pode ver que estou de bom humor."

 

Questionado se a resposta valia também para as críticas à Educação estadual, desferidas pelo vereador Gabriel Chalita ao deixar o PSDB na semana passada para se filiar ao PSB de Ciro, o governador mostrou indiferença. "Nem sei se vale ou não. Não tô nem aí."

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O clima entre Serra e sua possível adversária em 2010, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), no entanto, continua ameno, como demonstraram ambos na semana passada em São Paulo. Ao saber nesta segunda da recuperação de Dilma de um câncer, o tucano comemorou.

 

"Foi o que desejei desde o início. Fico muito feliz e dou meus parabéns aos médicos e a ela." Em nota à imprensa, médicos do Hospital Sírio-Libanês informaram que exames feitos na última semana indicam que a ministra está "livre de qualquer evidência de linfoma".

 

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