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Investigações da PF sobre caso Waldomiro ainda engatinham

Por Agencia Estado
Atualização:

Exatamente um mês depois da denúncia de envolvimento do ex-assessor do Palácio do Planalto Waldomiro Diniz com o bicheiro Carlos Ramos, o Carlinhos Cachoeira, as investigações feitas pela Polícia Federal estão praticamente na estaca zero. Apesar de diversificar as linhas de apuração do caso, a PF não encontrou ainda indícios de irregularidades cometidas por Diniz. Ontem, por exemplo, depois de ouvir dois executivos da Gtech, empresa que renegociou um contrato de R$ 780 milhões para o fornecimento de equipamentos lotéricos para Caixa Econômica Federal, o delegado Antônio César Nunes confirmou que não havia evidência sobre a participação de Diniz na negociação, como se suspeitava. Em nenhum dos 11 depoimentos tomados até agora pela PF houve fatos novos que pudessem envolver Diniz com outras irregularidades dentro do governo. Com exceção dos executivos da Gtech - o ex-presidente Antônio Carlos Lino Rocha e o diretor de marketing, Marcelo Rovai - e do ex-dirigente da Caixa Mário Haag, ninguém deu mais detalhes sobre a atuação do ex-assessor palaciano. Três bicheiros, incluindo Cachoeira, afirmaram que só falariam em juízo e ratificaram as declarações dadas anteriormente ao Ministério Público Federal, onde falaram sobre as relações de Diniz com o bicheiro de Goiás. O próprio Waldomiro pediu para só falar na Justiça, assim como Carlinhos Cachoeira. Se para o governo a falta de resultados na investigação pode dar um atestado de idoneidade ao Palácio do Planalto, em relação à atuação de Waldomiro Diniz, por outro lado pode levar a oposição a requerer a instalação de uma Comissão parlamentar de Inquérito (CPI). Isso, pelo fato de que os líderes do governo no Congresso prometeram instalar a comissão caso não haja avanços na apuração pela PF. E, um mês depois, nada mudou desde que o inquérito foi instaurado, no dia 18 de fevereiro, cinco dias após a denúncia. Até mesmo a fita com gravações comprometendo Diniz foi analisada pelo delegado César Leite, que ainda não recebeu o material do Ministério Público Federal, no Rio de Janeiro. César Nunes adotou três linhas de investigação, quase todas voltadas para as ações de Diniz dentro do governo. A primeira, que apura as relações do ex-assessor do Palácio do Planalto com Cachoeira é a que menos teve resultados. A segunda, que procura o autor das gravações feitas no aeroporto de Brasília, onde Diniz conversa com o bicheiro é a que vai teve resultados. A PF colheu depoimentos que comprometem policiais civís de Brasília no monitoramento do ex-assessor. A última linha, que envolve a renegociação do contrato entre a Caixa e a Gtech, é a que mais inocenta Diniz. "Não temos evidências do envolvimento dele (Diniz) nas negociações", afirma César Nunes. E o governo não deve esperar resultados rápidos. Sem pistas de irregularidades de Diniz no governo, o delegado decidiu prorrogar as investigações por mais 30 dias, prazo que espera receber detalhes novos sobre o caso, principalmente levantamentos de bens do ex-assessor, principalmente os comprados em nove de terceiros. Um deles, o apartamento em que vive, na Asa Sul de Brasília, adquirido em nome da sogra e um haras no interior de Goiás. Mas o mais importante, e que deverá prorrogar ainda mais as investigações, são os sigilos pedidos pela PF. Até agora, a Justiça Federal não determinou a devassa telefônica, fiscal e bancária do ex-assessor do ministro-chefe da casa Civil, José Dirceu.

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