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"Inteligência" do Sivam tem tecnologia 100% nacional

Por Agencia Estado
Atualização:

Embora muito se fale no Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) - desde denúncias de irregularidade na concorrência à parafernália instrumental que o compõe ?, pouco se comenta sobre a "inteligência" do sistema, totalmente desenvolvida por brasileiros. A tecnologia utilizada para integração de dados do projeto, cuja primeira fase foi inaugurada hoje pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, é 100% nacional. A tarefa de integrar todos os dados, capturados e gerados por mais de cinco centenas de sensores, radares, estações terrestres, satélites e aeronaves, coube à Atech Tecnologias Críticas. Constituída em 1997, a empresa ficou responsável pela integração do sistema, incluindo a rede de telecomunicações, vigilância territorial e logística ? daí o nome oficial de integradora. Para tanto, a Atech desenvolveu os softwares que constituem a inteligência artificial do Sivam. "Por isso, costumo chamá-lo de sistema estratégico de informações", afirma o presidente da empresa, Tarcísio Takashi. Os termos do contrato com o governo federal fizeram necessária a abertura de uma nova empresa, controlada pela Atech, nos Estados Unidos ? país de origem do financiamento do sistema. Ali, segundo Takashi, foi constituída a Amazon Technologies, cujo quadro de funcionários contava somente com brasileiros. "Fomos para lá porque somente 15% dos recursos podiam ser utilizados no Brasil e tivemos de inovar na maneira de usar o dinheiro", diz o executivo. Baseada em plataforma Unix, a rede de informações do Sivam contou, em parte, com apoio de desenvolvedores norte-americanos. Linhas de código Segundo Takashi, a Raytheon, vencedora da concorrência, auxiliou no desenvolvimento de algumas das aplicações. "Porém nós acompanhamos todo o processo e seremos responsáveis pelo treinamento dos técnicos, de forma que já absorvemos tecnologia", afirma. Uma equipe composta por 70 técnicos foi enviada aos Estados Unidos e trabalhou durante quatro anos no desenvolvimento de mais de 90 aplicações, equivalente a mais de 1 milhão de linhas de código, que constituem os programas usados no sistema. "Esses programas vão cruzar informações provenientes dos mais variados sensores e produzir conhecimento", diz o executivo. "Não se trata do registro de dados isolados, mas da análise conjunta das informações". Para o desenvolvimento dos softwares, a Atech teve de se basear em normas MIL (de militar), que garantem eficácia e confiabilidade ao sistema. Aportes Desde 1997, quando o projeto do Sivam começou a ser executado, foram investidos US$ 1,395 bilhão. Do total, cerca de US$ 50 milhões foram destinados para o "cérebro" do sistema. "Um projeto destes demanda equipamentos muito sofisticados, de forma que os gastos com hardware são enormes", afirma Takashi. Os números comprovam: dos recursos totais, US$ 1,285 bilhão foi utilizado para a compra de equipamentos e contratação de serviços. De acordo com Takashi, a abertura da CPI do Sivam não atrapalhou o cronograma da empresa. "Tivemos alguma dificuldade após o corte de investimentos", diz. "Apesar de o financiamento estar em dólares, os recursos não podiam ser transformados em crédito e tivemos de custear a equipe até a liberação da verba". Com o sistema em operação, o desafio será mantê-lo atualizado a partir de tecnologia nacional. "O sistema cobrirá nada menos que 60% da área total do País, o que explica sua importância", afirma. "Portanto, levamos em conta uma responsabilidade não contratual de manter o conhecimento necessário para que o sistema possa ser atualizado". Parafernália O Sivam compreende três redes, que conectam os centros regionais de vigilância (CRV), o Centro de Coordenação Geral (CCG), em Brasília, e estações. O primeiro CRV, em Manaus, foi inaugurado hoje e inclui ainda um Centro de Vigilância Aérea (CVA). Dois outros CRVs, em Belém e Porto Velho, serão inaugurados ainda neste ano. Juntos, os três centros vão administrar 20 unidades de vigilância, 25 estações de radar, seis das quais transportáveis, e sete estações de telecomunicações. Além dos sensores, o Sivam contará com oito aeronaves de alerta aéreo antecipado e de vigilância eletrônica e sensoriamento remoto de superfície. Fornecidos pela Embraer, os aviões serão comandados pelo Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), que está subordinado ao Sivam. O Sipam será responsável pela execução das ordens de proteção, a partir das informações recolhidas pelo Sivam. O Sipam terá controle total do tráfego aéreo na região, de forma que nenhum avião, incluídos os de pequeno porte, poderá sobrevoar a área sem ser imediatamente detectado pelo sistema. Dessa forma, auxiliará o governo no combate ao tráfico de drogas e armas, muito freqüente na região por conta da existência de pistas de pouso clandestinas e da falta de fiscalização. Além disso, o sistema possibilitará o controle de queimadas e coibirá a extração ilegal de madeira na região amazônica. Para a transmissão de dados via satélite, o Sivam firmou contrato de R$ 16,5 milhões com a StarOne, subsidiária da Embratel. Brasil Telecom e Telemar foram as vencedoras, respectivamente, para o fornecimento das redes de telefonia fixa e acesso à Internet e um canal privado de comunicação a longa distância.

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