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Intelectuais lançam manifesto de apoio a Emir Sader

Sociólogo foi processado por Bornhausen por chamá-lo de ´racista´ em um artigo

Por Agencia Estado
Atualização:

Um grupo de intelectuais e acadêmicos lançou um manifesto em apoio ao sociólogo e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Emir Sader, segundo apurou o Estado, contestando sua condenação em um processo por injúria movido pelo presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen. Sader, que em um artigo chamou Bornhausen de ´racista´, atacava uma declaração feita pelo senador em referência ao Partido dos Trabalhadores, quando eclodiu o escândalo do mensalão. Na época, Bornhausen disse que, em função das denúncias, se veria ´livre dessa raça por, pelo menos, 30 anos´. O manifesto foi idealizado por um grupo de intelectuais integrado pela editora Ivana Jinkings. ´Esta decisão é absurda e totalmente despropositada´, disse ela, acrescentando que Sader recorrerá da decisão e deverá obter uma revisão de sua sentença, que além de ordenar a prestação de serviços comunitários pede também a perda do cargo de professor na Uerj . ´Não tenho a menor dúvida de que isso não resiste a um recurso´, completou Ivana. No texto divulgado junto com o pedido de assinaturas, os intelectuais afirmaram que a decisão judicial ´transforma o agressor em vítima e o defensor dos agredidos em réu´. ´Numa total inversão de valores, o que se quer com uma condenação como essa é impedir o direito de livre expressão, numa ação que visa a intimidar e criminalizar o pensamento crítico. É também uma ameaça à autonomia universitária que assegura que essa instituição é um espaço público de livre pensamento´, afirma o documento. Até o final da tarde de quarta-feira, segundo Ivana, aproximadamente 3 mil pessoas já tinham assinado o manifesto. Desde que a decisão da Justiça foi anunciada, nesta semana, o PT também endossou a petição, ao postar uma cópia do texto em sua página na Internet. No mesmo dia, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) também emitiu uma nota em apoio ao sociólogo. ´A sentença - que, acreditamos, não passará em nova análise - é um atentado às liberdades individuais e absolutamente injusta´, afirmou a entidade. No artigo que escreveu contra Bornhausen, Sader chamou o senador pefelista sucessivamente de ´racista´, ´banqueiro´ e ´direitista´, afirmando se tratar também de uma ´das pessoas mais repulsivas da burguesia brasileira´. Sader foi condenado pelo juiz Rodrigo César Muller Valente, da 11ª Vara Criminal de São Paulo. Inicialmente, a sentença determinava reclusão de um ano, mas a pena acabou sendo alterada diante do fato de Sader ser réu primário.

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