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Insistência em divulgar perdas derrubou Graça

Conselheiros ficaram perplexos quando presidente da estatal defendeu, em reunião no último dia 27, divulgação de parecer que indicava perdas de R$ 61 bilhões para a empresa

Por Irany Tereza
Atualização:
A presidente da Petrobrás, Maria das Graças Foster Foto: Fabio motta/Estadão

Brasília - Na reunião do dia 27 de janeiro, os conselheiros da Petrobrás foram pegos de surpresa com a conta apresentada por Graça Foster. Ela apresentou e defendeu o parecer da consultoria que indicava perdas de R$ 61 bilhões para a empresa - diferença entre ativos superavaliados em R$ 88 bi com outros subavaliados em R$ 27 bi. 

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O Broadcast apurou que Graça chegou a anunciar aos conselheiros o lançamento do resultado no balanço do terceiro trimestre. Entraria como baixa no patrimônio líquido, que no período havia fechado em R$ 350,858 bilhões. Não impactaria no lucro, mas faria a alavancagem - relação entre a dívida e o patrimônio - da empresa disparar.

Os conselheiros ficaram perplexos. Segundo uma fonte ouvida pelo Broadcast, foram para a reunião na expectativa de que as perdas contabilizadas - uma exigência da PricewaterhouseCoopers (PwC) para referendar as contas da empresas - ficassem entre R$ 2 bilhões e R$ 4 bilhões, mais ou menos o que vem sendo ventilado como prejuízo de ações suspeitas de corrupção.

A presidente da Petrobrás estava tão certa do assentimento dos conselheiros que já havia reservado páginas em jornal para a publicação do resultado da companhia e convocado coletiva para o dia seguinte. A reunião se estendeu por todo o dia, com discordâncias de todos os lados.

O ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, que ainda mantém a presidência do Conselho, não queria sequer que os números fossem tornados públicos, diante da dimensão da cifra. Mantega sempre foi a voz da presidente Dilma Rousseff nas reuniões da Petrobrás. Graça não concordou e, convenceu os pares a votar pela divulgação. Os números integraram as considerações da carta assinada por ela e que acompanharam o balanço. 

Sem a inclusão no balanço patrimonial, de nada serviram para a PwC, que não assinou o documento. A irritação no Palácio do Planalto foi enorme e Graça conseguiu desagradar a gregos e troianos. A situação da executiva ficou insustentável. Mesmo assim, caberá a ela assinar os balanços do terceiro e quatro trimestres, mesmo após a escolha da nova diretoria. Como os resultados foram em sua gestão, ela terá de assumir a responsabilidade por eles. 

Com isso, a perda será avaliada pela nova equipe, por meio de um modelo de cálculo que está sendo buscado pelo Planalto, com o apoio técnico do Ministério da Fazenda.

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