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Insatisfeita com o governo, UDR volta a ter sede em Brasília

Por Agencia Estado
Atualização:

A União Democrática Ruralista (UDR) vai inaugurar, no próximo dia 31, a nova sede central de Brasília e empossará a nova diretoria nacional. Os cargos estão vagos desde o fechamento do escritório, em 1996. A entidade quer atuar de maneira mais efetiva junto à bancada ruralista para garantir a preservação das leis que protegem a propriedade. A UDR volta para o cenário que a projetou, na década de 80, como uma das principais entidades de defesa dos interesses da classe rural brasileira, com o objetivo de participar novamente das decisões nacionais. "Tivemos uma participação significativa na constituinte de 1988 e conseguimos impedir que a esquerda tornasse passível de reforma agrária até as terras produtivas", afirmou o presidente da UDR paulista, Luiz Antonio Nabhan Garcia, que assumirá a direção nacional. Segundo Nabhan, o retorno à capital federal tornou-se necessário em razão da nova condução política dada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à questão agrária. "Há uma tendência de favorecer os chamados movimentos sociais, em prejuízo dos produtores rurais", disse. Segundo o presidente da entidade, o governo Lula tem dois ministros ligados ao setor rural, mas apenas um, o da Agricultura, Roberto Rodrigues, é "um bom ministro". O do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, de acordo com Nabhan, trabalha contra o empresariado rural. "Tem um projeto do PT que limita o tamanho da propriedade no Brasil e vamos ficar atentos para que não siga adiante", destacou. Nabhan lembrou que o Movimento dos Sem-Terra (MST) tem representação em Brasília e mantém estreita ligação com alguns órgãos do governo. "Temos que ficar de olho, principalmente em órgãos como o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), cujas ações quase sempre prejudicam o produtor rural". Em Brasília, o alvo principal da UDR será o Incra. Nabhan criticou as recentes afirmações do presidente do órgão, Rolf Hackbart, no livro Os Caminhos do Impasse, defendendo o controle externo do Judiciário pois estaria emperrando a reforma agrária. A UDR tem escritórios próprios nos Estados de São Paulo e Paraná. A diretoria nacional terá representantes também do Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Bahia, Pará e outros Estados. Segundo Nabhan, há uma grande preocupação com os rumos da reforma agrária e a reação nos acampamentos de sem-terra a uma possível falta de resultados do governo. "O Incra está prometendo assentar mais gente do que sabe que pode e isso gera uma expectativa muito perigosa", afirmou.

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