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Inquérito vai mostrar que Delcídio mentiu, diz Dilma

Presidente reage ao pedido de investigação feito contra ela por Janot e afirma que pedirá apuração de vazamentos, 'que têm interesses escusos e inconfessáveis'

Por Tania Monteiro , Carla Araujo e Victor Martins
Atualização:

BRASÍLIA - Ao final da cerimônia de lançamento do Plano Safra, no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff voltou a questionar, em declaração à imprensa nesta quarta-feira, 4, a decisão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de pedir abertura de inquérito ao Supremo Tribunal Federal contra ela, sob acusação de tentativa de obstruir as investigações da Operação Lava Jato.Depois de reiterar que as afirmações do senador Delcídio Amaral (sem partido-MS), que serviram de base para o pedido, são "levianas e mentirosas",Dilma disse que "é necessário investigar da onde surgem essas afirmações e comprovar" eque os vazamentos "têm interesses escusos e inconfessáveis"."Você vaza, depois se se caracterizar que nada há o dano já foi feito. E daí o que querem com isso? Querem o dano feito", afirmou.

A presidente Dilma Rousseff durante evento do Plano Safra no Palácio do Planalto Foto: Wilton Junior/Estadão

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A denúncia foi feita na antevéspera da votação de abertura da admissibilidade do impeachment na Comissão Especial no Senado e a uma semana da decisão pelo plenário da Casa, prevista para o dia 11. Em sua fala, de quatro minutos, sem direito a perguntas, a presidente Dilma anunciou que vai pedir à Advocacia-Geral da União que solicite ao Supremo Tribunal abertura de processo para apurar esses vazamentos. Lembrou ainda que "estranhamente" houve o "vazamento de algo que, tudo indica estava sob sigilo, às vésperas do julgamento no Senado".

Com uma ficha na mão, onde leu os trechos da nota distribuída na noite de terça-feira, a presidente afirmou lamentar que,  "mais uma vez, algo muito grave tenha acontecido". "Tenho certeza que a abertura do inquérito vai demonstrar apenas que o senador, mais uma vez, faltou com a verdade, como aliás ele já fez anteriormente se vocês estão lembrados, que ele acusava na primeira gravação, ministros do Supremo, depois retirou a acusação daquela gravação. Agora, acusa a mim. Tenho consciência das mentiras do senador Delcídio do Amaral", comentou.

Janot pediu a abertura de inquérito contra Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro-chefe da Advocacia-Geral da União, José Eduardo Cardozo, por tentativa de obstrução da Justiça. Citou ainda o fato de a presidente ter nomeado Lula para ministro da Casa Civil, o que daria foro privilegiado a ele.

Ao tomar conhecimento da decisão de Janot, Dilma se reuniu com Cardozo e preparou a nota. A presidente estava "indignada" com as denúncias e o vazamento. "Eu quero dizer que sempre fui a favor de investigações. Quero que essa seja investigada a fundo, inclusive quero saber quem é o autor ou autores do vazamento", disse a presidente nesta quarta.

 Defesa. Durante o lançamento do Plano Safra, Dilma afirmou que usará todos os recursos disponíveis contra o impeachment. “Luto e lutarei em todas as instâncias e com todos os instrumentos possíveis”, afirmou, ressaltando que o processo é “fraudulento”.

Na cerimônia no Palácio do Planalto, Dilma procurou justificar as operações de crédito que são base do questionamento do impeachment e afirmou que, “pela lei que disciplina o Plano Safra, não há qualquer ato ilícito”. “Não há base fática para levantar a execução do Plano Safra como um dos motivos do processo de impeachment”, reforçou.

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Segundo a presidente, nas operações de crédito com o Banco do Brasil, que estão apontadas como base de descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal, “não consta que um atraso de pagamento é um empréstimo”.

A presidente sugeriu que, além das razões políticas, os questionamentos com as operações que envolvem o agronegócio podem ser porque “alguns discordam que se faça subvenção econômica para a agricultura”. “E eu tenho imenso orgulho de ter feito esse processo em relação à agricultura.”