Inquérito conclui que assentado foi morto por vingança

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Por Agencia Estado
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Um dia depois da abertura do inquérito para investigar o assassinato de José Cândido da Silva, presidente da Associação de Assentados de Mascatinho, em Tamandaré, na zona da mata sul, em Pernambuco, a delegada do município, Ana Patrícia Alcoforado, concluiu que o crime foi motivado por vingança. Ela identificou os dois supostos assassinos e pediu sua prisão preventiva, decretada ainda nesta quarta-feira pela juíza de Rio Formoso - município vizinho -, Helena Medeiros. As prisões não haviam sido efetuadas até o início da noite desta quarta. A delegada descartou a versão do Movimento dos Sem-Terra de que o agricultor teria sido morto por denunciar o desmatamento da reserva pertencente ao assentamento. O vice-prefeito Paulo Silva (PSB) confirmou que José Cândido vinha sendo ameaçado de morte por combater a derrubada da mata e revelou que os primeiros ofícios da Prefeitura neste ano foram encaminhados às polícias militar e civil denunciando o fato e pedindo proteção para o assentado. "O problema do desmatamento aconteceu no ano passado, não tem nada a ver com o crime", disse a delegada. Segundo ela, os dois autores da morte do agricultor eram ex-integrantes do assentamento. Sem citar os nomes dos acusados para não dificultar as prisões, ela disse que um deles tinha uma parcela de terra que vendeu para um advogado. José Cândido conseguiu desfazer a venda - proibida pelo Incra - e repassou a terra para o órgão. O suspeito teria ameaçado matar quem o fizesse perder a área. O outro criminoso seria irmão do ex-assentado. O MST tomou conhecimento da conclusão do inquérito no final da tarde desta quarta e disse que só se pronunciaria sobre o caso depois de se informar sobre a situação. A assessoria de imprensa do movimento afirmou que, apesar das declarações da delegada, os assentados mantêm a versão de que a morte teve ligação com a derrubada de árvores da reserva, fato que continua ocorrendo. O assentamento, de 1998, tem 62 famílias e uma área de 800 hectares - 200 deles de mata atlântica, intocáveis, que devem ser preservados. José Cândido fez denúncias ao Ibama, à Prefeitura e ao Incra sobre a ação dos madeireiros.

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