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Inocêncio pede abertura de processo contra Paim

Por Agencia Estado
Atualização:

O líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PFL-PE), prometeu enviar ainda hoje ao presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), um pedido de abertura de processo por quebra de decoro parlamentar contra o deputado Paulo Paim (PT-RS). Ontem, na tumultuada discussão do projeto sobre a flexibilização da legislação trabalhista, o petista rasgou páginas da Constituição e arremessou o exemplar em direção ao deputado Ricardo Izar (PTB-SP), mas acabou acertando o rosto de outro colega, André Benassi (PSDB-SP). Na avaliação de Inocêncio, Paim faltou com o decoro e poderá ser alvo de um processo de cassação de mandato. "Eu acho que o ato do deputado petista foi premeditado e extravagante", disse Inocêncio. Caso entenda ser necessária a apuração do caso, Aécio Neves poderá encaminhar a representação ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar recomendando que o petista seja investigado. "Não gostei das cenas que vi", disse o presidente da Casa. "Somos também guardiões da instituição e devemos, por maior que seja a emoção, ter cuidado para não abrirmos precedentes que comprometam votações", completou Aécio. Para o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Arthur Virgílio, Paim não poderia utilizar a Constituição para fazer "bravata". "Ele não pode achar que é uma pessoa tão boa e tão pura e rasgar a Constituição Federal", afirmou o ministro. "Se aquilo não é falta de decoro, meu Deus do Céu, o que vai ser? Daqui a pouco, vão ter pessoas nuas no plenário", acrescentou. O líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB-SP), também criticou o petista. "Acho que a Constituição tem de ser respeitada. Rasgá-la não é bom para ninguém." Discussão Paim e Ricardo Izar protagonizaram hoje mais um duelo verbal em plenário. O petista fez um discurso para se justificar e, logo em seguida, numa reação às palavras do colega, Izar falou ao microfone. "Eu não sou uma pessoa de ficar falando palavras de baixo calão", disse Izar. "Afirmei apenas que, logo depois de ele rasgar a Constituição, que aquilo era uma molecagem". Na versão de Paim, Izar foi muito mais longe. "Enquanto eu estava discursando, ouvi Izar me xingando com palavras pouco elogiosas. Fui chamado de cachorro e de f.d.p", garantiu. "Não temo ser processado por estar defendendo o direito dos trabalhadores", reafirmou. Vítima do destempero do deputado petista, André Benassi disse apenas que levou susto no momento em que foi atingido por um exemplar da Constituição. "Doeu, porque a Constituição é pesada", disse o tucano. Essa não foi a primeira vez que um parlamentar, que é obrigado a ter compostura em plenário e deve respeitar a Constituição, envolveu-se em atos de quebra de decoro. Há sucessivos acontecimentos. Em 1993, o ex-deputado Paulo Ramos arrancou o microfone do então presidente do Senado Humberto Lucena durante a votação do Congresso revisor. O ex-deputado Chico Vigilante rasgou o regimento durante uma sessão presidida pelo deputado Michel Temer (PMDB-SP). Várias agressões físicas também já foram registradas na Câmara. Durante a Constituinte, o ex-deputado Nobel Moura deu um murro na cara de Raquel Cândido por ter sido acusado por ela de explorar a prostituição. E, numa cena de pugilato, o deputado Orcino Gonçalves deu um soco no olho de seu colega, Sandro Mabel, porque suspeitava que o ex-deputado estava de olho em sua mulher numa sessão da Câmara.

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