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Inflação e gastos públicos serão maiores desafios de Dilma, dizem analistas

Especialistas afirmam que não há sinais de que haverá ajustes nos altos investimentos feitos para livrar o país da crise global.

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Por Fabrícia Peixoto
Atualização:

Dúvida é se Dilma optará por aumento nos juros ou nos preços, diz analista O aumento dos gastos públicos nos últimos anos, aliado à expectativa de um aumento geral de preços, deverá ser um dos principais desafios econômicos do governo de Dilma Rousseff, segundo especialistas que participaram nesta terça-feira de um seminário promovido pela revista britânica The Economist em São Paulo. A avaliação é que a série de gastos promovida para livrar o país das consequências da crise "acabou ficando", e que, por enquanto, "não há sinais" de um compromisso de ajuste pelo novo governo. "Estamos vivendo um momento de desconfiança fiscal", disse o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco. Segundo ele, a grande questão nos próximos anos será como o governo financiará o aumento de gastos, se por meio da elevação dos juros ou permitindo o aumento da inflação. "Durante toda a primeira fase do governo Lula, a solução para os gastos foram os juros mais altos. Agora, não sabemos se o governo irá optar por juros ou aumento de preços", diz Franco. Uma das formas de financiar o aumento dos gastos públicos é por meio da elevação dos juros. Isso porque os investidores tendem a exigir taxas maiores para quanto maior for a dívida de um país. Na avaliação do economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, da Quest Investimentos, o fantasma da inflação "está aí". "Estou realmente preocupado", acrescentou. 'Capacidade total' Ainda de acordo com Mendonça de Barros, que foi ministro das Telecomunicações no governo Fernando Henrique Cardoso, o país está operando com "capacidade total" em diversas áreas, dentre elas a de energia - o que demonstra o perigo de preços maiores. "Não temos alternativa a não ser as termelétricas, que custam 30% a mais do que a energia hidrelétrica", diz Barros. O economista lembra ainda que o consumo interno vem crescendo a uma taxa de 8% ao ano e que o Brasil está perto do chamado pleno emprego. "Existe uma forte fonte de pressão inflacionária para os próximos três ou quatro anos", diz o ex-ministro. De acordo com o IBGE, o principal índice de inflação no país, o IPCA, fechou em alta de 0,75% em outubro - resultado bastante acima do registrado no mês anterior, que foi de 0,45%. A política econômica americana, que vem aumentando o volume de dólares em circulação no mundo, também pressiona para cima os preços em países emergentes, alertaram os economistas que participaram do seminário. Na opinião do economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn, seria um erro atribuir a responsabilidade pela guerra cambial apenas aos Estados Unidos. "Estamos vivendo um momento de desequilíbrio mundial, e não apenas no mercado americano", disse. "Será difícil fugirmos do fato de que a inflação é global e que os juros no Brasil irão subir no curto prazo", acrescentou o economista. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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