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Indústria bélica quer garantia de verba para retomar produção

Reativação depende ainda de haver encomendas estimadas em R$ 6,4 bi

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A retomada da indústria bélica brasileira, anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, depende de haver encomendas dos comandos militares estimadas em R$ 6,4 bilhões. Mais que isso, os contratos precisam ser imunizados contra o contingenciamento de verbas do Orçamento. O dinheiro vinculado é a garantia esperada pelas empresas para investir no setor. Essas observações estão contidas em um documento do Ministério da Defesa encaminhado ao Palácio do Planalto, ao qual o Estado teve acesso. O relatório destaca, citando levantamento da Secretaria de Logística, que os contratos serão necessariamente de prazo médio. Há 300 companhias nacionais produzindo sistemas de defesa - de armas sofisticadas, como o lançador dos foguetes Astros-II, até fardas e calçados especializados. No total, cerca de 340 artigos de emprego militar saem de fábricas e estaleiros. O governo tem pronta toda a estrutura legal da Política Nacional da Indústria de Defesa, a PNID. O ex-ministro Waldir Pires assinou a portaria normativa do empreendimento, sancionada pelo vice-presidente José Alencar, ele mesmo um titular da pasta ao longo de 16 meses. Alencar destaca a importância estratégica da iniciativa, capaz de gerar de 30 mil a 100 mil empregos qualificados. O governo convocou o Comitê da Cadeia Produtiva da Indústria de Defesa (ComDefesa) da Fiesp para trabalhar na PNID com os Ministérios da Defesa e do Desenvolvimento. O grupo preparou um projeto de lei que, do ponto de vista tributário, trata da mesma forma fabricantes brasileiros e estrangeiros. Atualmente, fornecedores nacionais pagam 40% de impostos e taxas. Os estrangeiros são isentos . Todas as ações decorrentes da PNID devem impulsionar negócios e parcerias, prevê o governo. A européia EADS, segundo maior grupo aeroespacial e de defesa do mundo, com faturamento no Brasil avaliado em R$ 6 bilhões, quer participar. Para o diretor-geral da EADS no País, Eduardo Marson, "os projetos cooperativos são o modelo de inserção da indústria militar brasileira no mundo globalizado, onde não basta apenas um bom produto e a vontade de vender, é preciso integrar capacidades". O conglomerado está disposto a fabricar no Brasil os helicópteros Dauphin-2 e Pantera (versão militar) de médio porte. Estuda também a instalação de uma linha dedicada a motores de mísseis da classe Exocet, provavelmente no Rio. A EADS controla a Helibrás, de Itajubá, no sul de Minas, de onde saíram, desde os anos 70, cerca de 500 aeronaves da classe Esquilo. Em 2007, os recursos dos comandos - Marinha, Exército e Aeronáutica - somam R$ 39 bilhões. Do total, R$ 30 bilhões serão gastos com folha de pagamento e aposentadorias. A escala de prioridades prevê a força naval aplicando R$ 2,7 bilhões na compra de um e reforma de cinco submarinos alemães, diesel-elétricos. O Exército está adquirindo, também na Alemanha, mais de cem tanques de batalha Leopard, usados e modernizados. A preferência, porém, é pelo desenvolvimento de um novo blindado sobre rodas, o Urutu-3, para transporte de tropas. A aviação militar iniciou há duas semanas na Embraer a modernização de 53 bombardeiros AMX, está recebendo da mesma empresa os caças (59 supersônicos) F-5M revitalizados. E terá, até 2015, um míssil próprio de médio alcance, além de 99 turboélices Super Tucano.

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