Índios voltam a interditar ferrovia no MA

Por Agencia Estado
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A Estrada de Ferro Carajás (EFC) voltou a ser ocupada pelos 500 índios das oito etnias maranhenses que estavam reunidos em Alto Alegre do Pindaré, distante 300 km de São Luís. A reocupação aconteceu depois que as negociações com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e Fundação Nacional do Índio (Funai) fracassaram. A nova obstrução da EFC ocorreu hoje às 9h30, horário de Brasília, no mesmo trecho que havia sido ocupado há cerca de uma semana. Os índios estão armados com arcos, flechas e algumas armas de fogo. O bloqueio foi feito com toras e duas peças de metal. As lideranças indígenas afirmaram que a ocupação é por tempo indeterminado e segundo representantes da Conselho Missionário Indígena (Cimi) outras ações poderão acontecer no Estado como reação ao fim das negociações. Uma nova equipe com três representantes da Funai e da Funasa foram levados para a região do bloqueio em um helicóptero da polícia maranhense. A intenção é retomar as negociações interrompidas na segunda-feira, 13. Os índios alegaram que o principal motivo do fracasso das negociações foi o não cumprimento da exigência do afastamento do coordenador regional da Funasa Zenildo de Olivera dos Santos e a negativa para presença do presidente da Funasa, Paulo Lustosa. No entanto, Lustosa confirmou hoje em uma entrevista a uma rádio local que o coordenador regional da instituição, Zenildo de Oliveira Santos, será exonerado e que deverá ser substituído por Marconi José Cardoso Ramos, que é professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). A portaria com a exoneração de Zenildo ainda não foi publicada porque a Casa Civil ainda precisa confirmar a indicação o professor universitário para o cargo e a UFMA precisa liberar Marconi para assumir o cargo. A Vale informou que o trem de passageiros que saiu de Parauapebas para São Luís teve a viagem interrompida em Açailândia e que disponibilizou ônibus para transportar os passageiros aos seus destinos pelas rodovias. A mineradora informou também está estudando medidas judiciais para tentar a desobstrução da ferrovia. Um dos membros Cimi no Maranhão, Humberto Rezende Capuci, afirmou que os índios estão ameaçando ampliar o protesto. Segundo ele, sem o êxito nas negociações, outras etnias - Krikati, Awá, Guajá, e Gavião - deverão se juntar às interdições que estão sendo planejadas. Na ocasião da última ocupação, os índios haviam interditado a ferrovia por 48 horas e o grupo tinha apenas 200 índios guajajaras, que fizeram reféns cinco funcionários da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), que é dona da ferrovia. Os funcionários da Vale foram libertados na última quarta-feira, porém na sexta-feira, os índios aprisionaram outras duas funcionárias da Funasa. A desocupação temporária foi acordada como um dos requisitos para o início das negociações em torno da saúde indígena. "Estamos liberando a ferrovia como um voto de confiança", afirmou o líder do movimento cacique Francisco Guajajara.

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