PUBLICIDADE

Índios preparam manifestação a favor de demarcação da Raposa

Objetivo é pressionar ministros do STF encerrar julgamento sobre legalidade da demarcação contínua da reserva

PUBLICIDADE

Por Loide Gomes e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

Índios favoráveis à demarcação contínua da terra indígena Raposa Serra do Sol preparam para quarta-feira, 18, manifestações em Brasília, Boa Vista e Surumu, em Roraima. O objetivo é pressionar os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) a finalmente encerrarem o julgamento sobre a legalidade da demarcação, interrompido duas vezes, em agosto e dezembro do ano passado. A sessão será retomada na quarta-feira, 18, com o voto vista do ministro Marco Aurélio Mello. O placar está em 8x0 para a demarcação contínua.

 

Veja Também:

PUBLICIDADE

 

O índio macuxi Dionito José de Sousa, coordenador do Conselho Indígena de Roraima (CIR), pretende reunir perto de 3,5 mil pessoas nas manifestações da campanha Anna, Pata, Ana Yan (Nossa Terra, Nossa Mãe). O distrito de Surumu, palco dos mais recentes conflitos envolvendo índios e não-índios, deverá concentrar o maior número, cerca de três mil. O restante vai se reunir na Praça do Centro Cívico, em Boa Vista, onde ficam as sedes dos três poderes. No plenário do STF, haverá pelo menos quarenta lideranças indígenas. Os tuxauas chegaram em Brasília no último sábado.

 

"A mobilização é pacífica. Vamos fazer uma feira cultural dos povos indígenas, com cantos e danças tradicionais", explicou o coordenador.Dionito acredita no desfecho favorável aos quase vinte mil índios que ocupam cerca de 1,7 milhão de hectares na reserva. Ele exige a desintrusão imediata. "Queremos ser respeitados e que as autoridades cumpram a lei", afirmou.

 

O superintendente da Polícia Federal em Roraima, José Maria Fonseca, informou que a Operação Upatakon 3, para retirada de fazendeiros, arrozeiros e habitantes não-índios, será executada imediatamente após a decisão do STF. Ponderou, entretanto, que será estabelecido prazo para a saída. Embora prefira não falar em datas, ele acredita que trinta dias seja tempo razoável para a desinstrusão completa da reserva.

 

A operação será executada por agentes da Polícia Federal e da Força Nacional de Segurança (FNS). O número de homens é mantido em sigilo, mas se for preciso, o Exército poderá entrar em ação. "O Exército sinalizou apoiar a operação e não apenas na logística", garante Fonseca. Por questões de segurança nacional, até bem pouco tempo os militares eram radicalmente contra a demarcação e consequente desintrusão da terra indígena, localizada na faixa de fronteira do Brasil com a Venezuela e a Guiana.

 

O planejamento da ação está pronto desde o ano passado. A primeira fase, que consiste na mobilização do pessoal, termina amanhã, com a chegada a Roraima de todo o efetivo. Inicialmente, serão mantidas três bases, em Pacaraima, Surumu e nas Placas, para garantir a paz na terra indígena. A previsão, segundo Fonseca, é que a operação continue até o segundo semestre. "Vamos ficar até que a paz seja totalmente restabelecida", garante.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.