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Índios liberam Transamazônica, mas cobram pedágio de motoristas

A liberação da rodovia aconteceu na última terça-feira, após dez dias de bloqueio. Segundo comerciante, a cobrança varia de R$ 10 a R$ 60, dependendo do veículo

Por Agencia Estado
Atualização:

Os mil moradores da terra indígena Tenharim do Marmelo, no quilômetro 145 da BR-230, já desbloquearam a rodovia (conhecida como Transamazônica), mas estão cobrando pedágio dos motoristas. "Eles estavam cobrando R$ 60 de cada caminhão, R$ 20,00 de cada caminhonete e R$ 10,00 de cada moto", detalhou o comerciante Leonir Galvan, morador de Apuí, no Amazonas, município afetado pelo protesto. A informação foi passada nesta quarta-feira à Radiobrás pelo plantonista do Centro de Informações Operacionais (Ciops) da Polícia Rodoviária Federal em Rondônia, Daniel Reis, e confirmada pelo cacique Humberto Terena, da comissão indígena que está em Brasília. De acordo com Reis, a liberação da rodovia aconteceu na última terça-feira, após dez dias de bloqueio. "Os seis policiais rodoviários federais, que estavam no local garantindo a segurança dos motoristas e manifestantes, já voltaram a Porto Velho", contou o inspetor. "Eles não puderam fazer nada contra a cobrança de pedágio, até porque eram seis pessoas para mil manifestantes". O comerciante reclamou dos prejuízos que os 30 mil moradores de Apuí tiveram com a interrupção do trânsito na rodovia. "Ficamos cinco dias sem telefone, 10 dias sem energia. Havia energia apenas quatro horas por dia (porque a cidade ficou desabastecida de óleo diesel para movimentar o motor gerador)", disse. Sem regulamentação O diretor de Assistência da Fundação Nacional do Índio (Funai), Slowacki Assis, lembrou que não há regulamentação sobre a cobrança de pedágio em terras indígenas. "Então, a rigor, é uma cobrança ilegal. Eu não sabia disso, mas caso se confirme, vamos orientar as lideranças a interromperem essa prática", acrescentou. Terena afirmou que o cacique Aurélio Tenharim, que também estava em Brasília, viajou, na noite de terça-feira, para Porto Velho. Ele deve seguir para o local do conflito, com o objetivo de orientar os indígenas a não cobrarem pedágio. "A comissão indígena ficou preocupada quando soube da cobrança. Mas, ao que parece, ela aconteceu porque os manifestantes estavam sem recursos para alimentação". O protesto na Transamazônica é por mais verbas para as ações da Funai em Rondônia e no sul do Amazonas, onde vivem cerca de 9 mil indígenas, de 45 povos. Nesta quarta, a Funai anunciou que houve acordo para encaminhar ao Ministério da Justiça um pedido de crédito extra de R$ 1,7 milhão para as ações do órgão em Rondônia.

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