Índios dizem a Tarso que Lula não quis recebê-los

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Por Roldão Arruda e BELÉM
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O ministro da Justiça, Tarso Genro, reuniu-se ontem à tarde com lideranças indígenas de todo o Brasil, presentes no Fórum Social Mundial, em Belém. Durante cerca de uma hora, na Tenda dos Povos Indígenas, num clima exaltado, ele ouviu muitas reclamações. Logo na abertura do encontro, o presidente da Coordenação das Organizações das Nações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Marcos Apurinã, reclamou do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Disse que ele se recusou a receber uma delegação indígena no período em que esteve em Belém, na semana passada. "Lula falou com os presidentes de outros países, mas não nos recebeu. Fomos lesados", disse Apurinã, referindo-se ao encontro que Lula manteve com Hugo Chávez, Fernando Lugo, Evo Morales e Rafael Correa. Mais adiante, um representante dos xavantes do Mato Grosso voltou a lembrar o fato: "O presidente não quis ouvir nossas lideranças." Os índios foram um dos principais destaques da nona edição do fórum, que teve a questão da preservação amazônica como um seus dos eixos centrais. Na reunião de ontem com o ministro da Justiça, eles reclamaram principalmente da demora nos processos de demarcação e da invasão de suas terras por garimpeiros e madeireiros. Mas também se manifestaram contra o desmatamento, o avanço da pecuária em terras amazônicas, os projetos de construção de hidrelétricas nos rios Madeira e Tocantins e o atendimento precário na área da saúde. Tarso foi aplaudido ao dizer que o governo está providenciando o controle do atendimento médico, hoje nas mãos da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), para a Fundação Nacional do Índio (Funai), vinculada ao Ministério da Justiça. Ele lembrou a polêmica da demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, que será definida em fevereiro ou março pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o ministro, se a área for demarcada de forma contínua, como querem os índios e a Funai, será uma vitória jurídica e política: "Nós então poderemos partir para políticas ainda mais ofensivas, mais completas, na defesa das comunidades indígenas." Na saída do encontro, na Universidade Federal Rural da Amazônia, o carro do ministro passou ao lado de uma marcha, com centenas de jovens, em defesa da legalização da maconha. Ao final da marcha, seguia uma ambulância do Corpo de Bombeiros. Um pouco antes havia sido a vez do grupo Vegetarianos em Movimento, que se manifestou contra a morte de animais para o consumo humano.

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