Indígenas fazem dois reféns em Santa Catarina

Grupo pede a saída de seis famílias não-indígenas de território que, suposta, lhes pertenceria; Polícia Federal e Funai negociaram liberação dos jovens

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Por Fabio Bispo
Atualização:

Indígenas Laklãnõ-Xokleng de José Boiteux, no Alto Vale do Itajaí, em Santa Catarina, liberaram no início da tarde desta quarta-feira (18) um jovem de 24 anos e um adolescente de 15 feitos reféns por mais de 24 horas. Os índios pedem que seis famílias que vivem na comunidade da Serrinha, área pleiteada pelos índios como terra indígena, saiam do local por não serem índios. Eles só liberaram os reféns após a chegada da Polícia Federal na aldeia na presença de representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai).

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As divergências entre indígenas e agricultores na região chamada Barragem Norte já dura cerca de dez anos. Os índios aguardam a homologação da ampliação da área indígena, que passaria de 14 mil para 37 mil hectares. O processo de demarcação de terras indígenas da comunidade Laklãnõ-Xokleng está em tramitação no Supremo Tribunal Federal desde 2007.

No início desta semana, segundo os indígenas, os colonos atearam fogo na casa de um índio e retiraram a placa que informava a demarcação indígena. O ato teria motivado um grupo de 20 indígenas a invadir uma das casas da comunidade e levar duas pessoas como reféns. Eles bloquearam as estradas que dão acesso à aldeia e reivindicavam a presença da Justiça Federal.

O prefeito da cidade, Jonas Pudewell (PSD) acionou a Polícia Militar e o Ministério Público Federal, exigindo um acordo de convivência e a saída das seis famílias de colonos que vivem na área pleiteada pelos índios.

Justiça Federal. Ainda na tarde desta quarta-feira (18), a Justiça Federal autorizou que a PF cumprisse mandado de busca e apreensão na reserva. Mas os indígenas aceitaram a liberação sem necessidade do cumprimento da ordem. Eles também entregaram às autoridades uma carta onde reivindicam a saída das famílias de não índios da área.

Às 17h desta quarta, lideranças indígenas e proprietários rurais envolvidos no caso participaram de audiência na Justiça Federal. Os reféns liberados passaram por exame de corpo delito e não apresentavam ferimentos. Ninguém foi preso.