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Índice é alvo de contestação até entre governistas

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Por Moacir Assunção
Atualização:

No Senado, o PLC 180/2008, número que ganhou o projeto oriundo da Câmara, também está gerando muita discussão, que deve se estender pelas próximas semanas. O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) já se colocou contrário ao índice de 60% e à questão racial como definidora do privilégio. A relatora do projeto, a senadora petista Serys Slhessarenko (MT), é favorável aos 50%, como está no texto original. Ela admite, no entanto, negociar a composição desse porcentual. "Entendo que reservar 60% das vagas é demais. Meu limite é 50%", afirmou a senadora. A aprovação da cota para deficientes pela Câmara surpreendeu os senadores, que já se preparavam para votar os 50% iniciais. A avaliação geral, agora, é que o debate sobre o assunto terá de voltar, praticamente, à estaca zero. "Teremos de debater quase tudo de novo para tentar chegar a um acordo. A aprovação do projeto vai demorar mais", admitiu Serys. Ela não abre mão da questão étnica e do limite máximo de 1,5 salário mínimo para atender aos beneficiados. O líder do PT, senador Aloizio Mercadante (SP), ainda chegou a defender, na reunião de líderes, a adoção dos mesmos critérios usados pelo governo no projeto Universidade para Todos (ProUni), reservando a negros e pardos um porcentual equivalente à participação deles na composição étnica de cada Estado, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas a oposição não aceitou a proposta. O projeto original enviado pela Câmara, de autoria da deputada Nice Lobão (DEM-MA), que incorporou outros dois, previa as cotas de 50%, com destaque para as cláusulas étnica e social. "Vamos à votação se não houver acordo. Essa coisa de raça foi defendida por Adolf Hitler no passado", afirmou Demóstenes. Ele prometeu apresentar um relatório alternativo que exclui qualquer critério étnico na divisão das vagas, ao contrário da proposta da relatora. O índice de 60% de reserva de vagas para cotas, no entanto, é questionado por partidos da base governista e da oposição. Há quase um consenso de que ele é muito alto. Nesta semana, o projeto dos deficientes deve chegar ao Senado e será anexado ao que trata dos 50% de reserva de vagas em cotas. A seguir, haverá a votação.

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