Indicadores sociais melhoram; distribuição de renda, não

Por Agencia Estado
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Na última década, o Brasil apresentou avanços sociais significativos: o número de crianças na escola aumentou, a taxa de mortalidade infantil caiu, há menos analfabetos, a renda média cresceu e os idosos vivem mais. A má distribuição de renda, contudo, está longe de ser vencida. Os 10% mais ricos ganham em média 19 vezes mais que os 40% mais pobres. "É menos difícil combater a pobreza do que a desigualdade", disse nesta quarta-feira o presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Sérgio Besserman, na apresentação da Síntese de Indicadores Sociais 2000. O estudo compara dados de 1992 com os de 1999. Nesses sete anos, a renda da população ocupada cresceu 30%, passando de R$ 402,45 para R$ 525,10. Ultimamente, porém, o trabalhador vem ganhando menos. Em 1996, como efeito do Plano Real, o rendimento médio era de R$ 576,90, portanto maior que a atual média de R$ 525,10. A renda de ricos e pobres aumentou na mesma proporção, em torno de 40%. Entre os 10% mais ricos, o rendimento cresceu de 13,3 para 18,4 salários mínimos. No lado oposto, os 40% mais pobres não conseguiram alcançar um salário mínimo de renda média (o valor ficou em 0,98) em 1999. O que o País tem a comemorar é a redução da mortalidade infantil: de 44,3 bebês mortos por mil nascidos vivos caíram para 34,6. Em números absolutos, 111 mil crianças morreram antes de completar 1 ano em 1999. A queda deve-se a programas como Saúde da Família, aleitamento materno e aumento do número de agentes de saúde, que passaram de 90 mil para 120 mil em menos de 4 anos. Nos últimos 30 anos, a taxa de mortalidade infantil caiu 65%. Apesar disso, o Brasil está longe de atingir níveis como o de Cuba (6,4 mortes por mil), Estados Unidos (7,3) Chile (10) e Argentina (18,4). Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), as taxas brasileiras equiparam-se às de El Salvador e Honduras. Também houve redução nas taxas de analfabetismo, mas o número absoluto ainda é alto. O porcentual da população analfabeta com 15 anos ou mais caiu de 17,2% para 13,3%. Há, portanto, 15 milhões de jovens, adultos e idosos que não sabem ler ou escrever. O IBGE ressalva na pesquisa que o Brasil ainda tem taxa "alarmante" de analfabetos funcionais, pessoas com menos de quatro anos de estudo. Em 1999, 29,4% das pessoas com 15 anos ou mais eram analfabetos funcionais. Os técnicos consideram "dramática" a proporção de analfabetos funcionais no Nordeste: são 46,2%. Em todas as faixas, o índice de escolarização cresceu. Em 92, 86,6% das crianças de 7 a 14 anos estavam na escola. Em 99, eram 95,7%. O Brasil quase alcança a taxa aceitável da ONU: 96%.

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