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Indicado por Wajngarten, novo ministro da Saúde deve retomar entrevistas alinhado ao governo

Demitido, Luiz Henrique Mandetta confrontava presidente Jair Bolsonaro afirmando que se baseava na ciência para tomar decisões

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Por Jussara Soares
Atualização:

BRASÍLIA – O novo ministro da Saúde, Nelson Teich, pretende retomar a rotina de coletivas de imprensa com panoramas diários da covid-19 a partir do início próxima semana. Nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro com apoio do chefe da Secretaria Especial de Comunicação (Secom), Fabio Wajngarten, Teich deve adotar uma relacionamento com a imprensa alinhado à Presidência. 

Nesta sexta-feira, 17, os números do coronavírus foram divulgados pela internet, mas não apresentados em uma entrevista para jornalistas, como vinha ocorrendo diariamente desde o início da crise. Também não haverá declarações no sábado e domingo. A orientação do governo foi que, antes de se submeter a uma sabatina sobre o avanço da doença no País e sobre como vai trabalhar, ele precisava de tempo para conhecer o funcionamento da pasta.

O presidente Jair Bolsonaro durante posse do novo ministro da Saúde, Nelson Teich Foto: Dida Sampaio/Estadão

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Segundo interlocutores do Planalto, o novo ministro não recebeu nenhuma orientação sobre como se relacionar com a imprensa. Entretanto, pela proximidade com Wajngarten, o novo ministro vai atuar alinhado com a estratégia de comunicação que o presidente deseja.

Após tomar posse no Palácio do Planalto na manhã desta sexta, 17, Teich seguiu para o Ministério da Saúde acompanhado do secretário adjunto da Secom, Samy Liberman. Ao longo de todo o fim de semana, segundo um interlocutor, ele deve se dedicar em conhecer os detalhes da pasta. Um auxiliar do Planalto justificou a presença do adjunto de Wajngarten como um auxílio para o novo ministro, que acaba de desembarcar em Brasília para assumir não apenas um ministério, mas para conduzir a crise do coronavírus.

Um dos motivos que levaram ao desgaste de Mandetta com Bolsonaro foi justamente a maneira como se relacionava com a imprensa. O ex-ministro diariamente defendia o isolamento social, seguindo diretrizes de autoridades sanitárias em todo o mundo como medida eficaz para combater a pandemia. Já Bolsonaro quer o distanciamento apenas para idosos e pessoas com doenças. Outro ponto de divergência entre ambos foi o uso da cloroquina, cujas pesquisas até neste momento são inconclusivas sobre sua eficácia e efeitos colaterais.

No final de março, as coletivas que, antes eram realizadas no Ministério da Saúde, passaram a ocorrer no Palácio do Planalto sob coordenação da Casa Civil, chefiada pelo ministro Walter Braga Netto. O objetivo era tentar unificar os discurso e dar ao presidente o controle da divulgação das ações. Mandetta, no entanto, seguiu confrontando as opiniões do presidente, dizendo que se baseia na ciência.

Ao ser apresentado na quinta-feira, 17, Teich apresentava nervosismo e, segundo seus interlocutores, estava cansado. O novo ministro foi pego de surpresa com as seguidas entrevistas a programas de televisão. Nas redes sociais, o desempenho tímido de Teich foi comparado ao estilo de Mandetta, que, além de usar a linguagem fácil de médico ortopedista, passou oito anos como deputado federal. 

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Na avaliação de um auxiliar palaciano, é “inegável” a oratória do ex-ministro e Teich foi desfavorecido pela mudança ter sido feito de modo rápido e com muita exposição.

Até agora, o novo ministro ainda não conseguiu detalhar sua estratégia para o combate do coronavírus. Ao tomar posse, disse que a atuação da pasta será focada nas pessoas e que os mais pobres sofrerão com maior intensidade os efeitos da pandemia do coronavírus. No dia anterior, também sem especificar, defendeu um “programa de testes” para aumentar o conhecimento sobre a doença.

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