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Inclusão de 'novas pedaladas' devem adiar manifestação de Cunha sobre impeachment

Presidente da Câmara daria nesta terça parecer sobre pedido apresentado pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior

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Por Daniel de Carvalho e Daiene Cardoso
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deve adiar a divulgação de seu parecer a respeito do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff apresentado pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior. A previsão era de que ele se manifestasse nesta terça-feira, 13. Porém, como a oposição decidiu apresentar nessa terça um aditamento ao requerimento para incluir as chamadas "pedaladas fiscais" cometidas neste ano, Cunha não deve conseguir se pronunciar.

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A previsão inicial era que, diante do indeferimento articulado por Cunha com a oposição, o recurso ao plenário seria apresentado até quinta-feira, 15. Agora, os oposicionistas não devem mais apresentar o questionamento à decisão do peemedebista nesta semana, retardando o início de um eventual processo contra a petista.

Diante da fragilidade crescente de Cunha em razão das denúncias de seu envolvimento na Operação Lava Jato, os oposicionistas pressionavam o presidente para que ele acelerasse a abertura do processo de impeachment. Na noite dessa segunda-feira, 12, receberam do peemedebista a promessa de que ele faria o que havia combinado inicialmente: indeferir o pedido para que um recurso fosse apresentado em plenário.

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB) Foto: Fabio Motta/Estadão

Ao sair da reunião feita na noite de segunda-feira, 12, no apartamento funcional do líder do Solidariedade, Arthur Oliveira Maia (BA), dois deputados oposicionistas disseram ao Estado que entendiam o risco do adiamento da manifestação de Cunha, mas que era preferível esperar a dar brecha a questionamentos do governo, já que o requerimento não apresenta de forma consistente as "pedaladas" praticadas em 2015, primeiro ano do segundo mandato deDilma.

Além de Maia, participaram da reunião o presidente do Solidariedade, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SP), e os líderes do DEM, Mendonça Filho (PE); do PPS, Rubens Bueno (PR); do PSB, Fernando Filho (PE); e da Minoria, Bruno Araújo (PSDB-PE). O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) também participou, mas saiu antes dos demais.O líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), não participou do encontro porque estava focado na redação do aditamento.

Na última semana, Reale Júnior fez um aditamento apontando que o governo "pedalou" também neste ano. Em julho, o Estado mostrou que a Caixa Econômica Federal fechara o mês de março com um déficit de R$ 44 milhões na conta para pagamento de seguro-desemprego, que é 100% financiada por recursos do Tesouro. Esse buraco indica que houve falta de recursos e que o banco pode ter sido forçado a, novamente, usar recursos próprios para pagar o programa. Segundo apurou a reportagem, Cunha avaliou como "fraca" a petição apresentada por Reale Júnior.

O novo aditamento utiliza o relatório do procurador Júlio Marcelo de Oliveira, responsável pela investigação que aponta que o governo atrasou a transferência de R$ 40,2 bilhões aos bancos públicos no primeiro semestre de 2015, montante maior que o verificado em todo o ano passado (R$ 37,5 bilhões).

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Para a oposição, o argumento de que o atraso nos repasses de dinheiro do Tesouro Nacional a bancos públicos ocorreu também em 2015 derruba o discurso de Cunha de que não se poderia abrir processo com base em irregularidades cometidas no mandato anterior de Dilma. Na semana passada, o Tribunal de Contas da União (TCU) rejeitou por unanimidade as contas do primeiro mandato da petista com base nas "pedaladas" de 2014.

Nesta terça-feira, os líderes da oposição devem se reunir entre si e também com Eduardo Cunha. Os deputados avaliam pressionar o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a apresentar as provas que diz ter contra o presidente da Câmara. O Ministério Público Federal recebeu do Ministério Público da Suíça documentos que comprovariam que Cunha e familiares têm contas bancárias naquele país. Os recursos dessas aplicações foi supostamente utilizado para pagar desde aulas de tênis a cursos no exterior. Cunha nega ter contas em seu nome fora do Brasil.

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