Imprensa tenta politizar filme sobre Lula, diz Frei Chico

Segunda pré-estreia contou com a presença de quase 50 integrantes da família do presidente

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Por Ângela Lacerda e da Agência Estado
Atualização:

Um dos quatro irmãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva presentes à pré-estreia do filme "Lula, o filho do Brasil", coube a Frei Chico o desabafo com relação à imprensa, apontada como responsável, segundo ele, pela tentativa de politização da película. "É praticamente a história de milhões de seres humanos nesta Terra, não tem nada mais do que isso", disse ele, no palco, ao lado do diretor Fábio Barreto e elenco, antes do início da exibição na noite da última quinta-feira, que atrasou 45 minutos, no Teatro Guararapes, no Recife. "Órgãos da imprensa tentam politizar, dizendo que o filme é eleitoral", afirmou para em seguida minimizar: "faz parte do processo democrático".

 

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Nesta segunda pré-estreia do filme, que contou com a presença de quase 50 integrantes da família do presidente - 18 vieram de São Paulo, cerca de 30 de Caetés e Garanhuns, no agreste, onde nasceu - o diretor Fábio Barreto contou, em entrevista, que o presidente Lula lhe pediu um DVD do filme para assistir no Aerolula quando viajou para Roma. O pedido foi negado. "Não fiz nenhuma cópia do filme", disse Fábio, que garantiu que o presidente ainda não viu o filme, o que acontecerá no dia 28, em São Bernardo do Campo. Ele disse não ter feito cópia em DVD para evitar pirataria. O presidente, afirmou, não ficou chateado com a negativa e nem está ansioso para ver o resultado final. "O presidente não fica ansioso com nada, é zen".

 

O Teatro Guararapes, no Centro de Convenções, com capacidade para 2,5 mil pessoas, não ficou superlotado como ocorreu na pré-estreia em Brasília. Houve cuidado da produção para não repetir o tumulto. O governador Eduardo Campos (PSB), que disse ter visto anteriormente o filme bruto, reforçou que compreendia a ausência do presidente - que cancelou sua ida a Pernambuco onde nesta sexta-feira, 20, iria inaugurar uma fábrica da Perdigão em Bom Conselho, no agreste: "Sei o que é agenda".

 

Sem a presença de Lula, o ator José Bezerra, 50 anos, que desde o primeiro mandato do presidente se "fantasia" como tal e desfila no carnaval de rua pernambucano com a faixa presidencial e a bandeira brasileira, fez as honras do evento. Vestido a caráter e ao lado de dois atores que portavam a faixa "Lula é coisa de cinema" ele recebeu os convidados e posou para fotos com os familiares do presidente que vieram do agreste em um ônibus, numa viagem patrocinada pela prefeitura de Garanhuns.

 

"Ele é um tipo popular, faz uma brincadeira lúdica, com um humor gostoso, respeitoso", disse o primo em segundo grau de Lula, o técnico em segurança do trabalho Eraldo Ferreira, 55 anos, que conviveu com o presidente em São Paulo, na época da luta sindical. Político, ele disse que a família compreendia a ausência do presidente: "ele tem compromisso com os interesses da população".

 

José Florêncio Filho, o Dudinha, 72 anos, aposentado, participou do filme cantando a toada "Adeus, adeus minha infância", cujo autor desconhece, e disse não ter recebido "roela" (cachê) pela participação. Sempre sorridente, ele não demonstrou emoção ligada à tristeza enquanto via a história se desenrolar na tela.

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"Não tem motivo para tristeza, só alegria". Para José Moura de Melo, 55 anos, primo legítimo do presidente, a história não se iguala a nenhuma no mundo. "Uma história real, verdadeira de uma pessoa que nasceu na natureza, criou-se sem condição de nada, lutou e chegou aonde está vai ficar na história do mundo". Orgulhoso, como todos os parentes, ele acredita que "Lula, o filho do Brasil" vai "mover muitos corações", vai mostrar que "para se conseguir as coisas, não se precisa de dinheiro". "E não tem nada a ver com política", reforçou.

 

Alheio a essa discussão, Fábio Barreto afirmou ser este o seu melhor e mais maduro filme e ele vai ficar feliz se for um arrasa quarteirão. "Tomara, mas se chegar a um milhão de espectadores já está bom", disse em entrevista. No palco, ele o dedicou "ao povo brasileiro e à sua teimosia". "Tenho orgulho de ser brasileiro". Jaime, Marinete e Ruth foram os outros irmãos de Lula que assistiram à pré-estreia e também subiram ao palco.

 

Esta última foi chamada pelo cineasta Luiz Carlos Barreto, o Barretão, pai do diretor, de "Tiana". Contou que a mãe, dona Lindu - protagonista do filme na pele da atriz Glória Pires - a chamou de Sebastiana. Ao registrá-la, em Santos, ela já grande, a escrivã não gostou do nome e a registrou com o seu próprio, Ruth. "Não colou, ficou sempre Tiana", disse Barretão.

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