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''Imprensa não está livre de demanda na Justiça''

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Por Roberto Almeida e Rodrigo Alvares
Atualização:

Indagado sobre censura ao ?Estado?, Sarney diz que filho está ?defendendo seus direitos?O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse em entrevista ontem pela rede GloboNews que "a imprensa não está excluída pela Constituição de ser demandada na Justiça". A afirmação partiu de uma pergunta específica sobre a censura ao Estado, que impediu a divulgação de informações da Operação Boi Barrica, da Polícia Federal, envolvendo seu filho Fernando Sarney, e a nomeação de parentes por meio de atos secretos no Senado. Durante a entrevista, o senador reiterou que nunca processou um jornalista - apesar de já ter demandado judicialmente o Jornal do Brasil, em 1994 -, e argumentou que não pode ser "o culpado" por uma ação de seu filho. "Eu não faria isso", disse. "Mas ele (Fernando) está defendendo seus direitos. E por que que se estende isso? O que que tem isso com o Senado?" Sarney afirmou que seu jornal, O Estado do Maranhão, defensor ferrenho de seu mandato, concede espaço a opositores. "Já passei as ações do jornal a meus filhos há tempos", disse. No entanto, o presidente do Senado já ajuizou processos contra o Jornal Pequeno, diário que tem como grife a oposição ao sarneysismo e também foi obrigado judicialmente por Fernando Sarney a retirar do site reportagem contendo informações originárias dos autos da Operação Boi Barrica. Sarney afirmou ainda que é vítima da oposição e de setores do PT que não concordam com seu apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. "Estou sendo vítima de uma grande injustiça, de uma conjugação de interesses, que são os interesses dos políticos do Maranhão, dos interesses dos políticos que não concordam que eu seja aliado do Lula e que eu esteja apoiando a ministra Dilma. E, de certo modo, recebendo uma vantagem correlata", observou. SEM CULPA Apesar do clima de tensão no Senado, Sarney disse estar tranquilo, porque não se sente culpado. "No dia em que os colegas, a maioria dos colegas do Senado chegar e me destituir, muito bem. Eles me elegeram, podem me destituir. Não existe pressão porque eu não me sinto culpado de nada. Eu estou procurando servir ao País. Estou procurando ajeitar esta Casa. Estou pagando por isso. Eu vou continuar até o fim. Não tenha dúvida." Sobre sua relação com o senador Fernando Collor (PTB-AL), cujas disputas chegavam aos xingamentos nos tempos de disputa à Presidência em 1989, Sarney minimizou. "As palavras na vida política não têm o mesmo peso na vida privada", avaliou. Collor chamava-o de "corrupto" e de "batedor de carteiras da história", quando conseguiu estender seu mandato por mais um ano.

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