Imprensa argentina comenta queda de Palocci

Um dos jornais, o La Nación, opina que "desde ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está mais só que nunca".

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Por Agencia Estado
Atualização:

A queda do ministro Antonio Palocci é destaque das capas dos jornais argentinos nesta terça-feira. "Brasil: acusado de corrupção, caiu o ministro de Economia", diz a manchete do La Nación, que no perfil traçado sobre Guido Mantega, o classifica como um "ministro coringa". La Nación opina que "desde ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está mais só que nunca". O jornal destaca que "as denúncias sobre corrupção no governo de Lula fizeram cair toda a cúpula do PT - amigos de Lula", e recorda alguns nomes que acompanharam o presidente, como José Dirceu (ex-chefe da Casa Civil), "transformado em um pária da política brasileira", ou Luiz Gushiken (ex-coordenador de Comunicação), "companheiro de luta sindical" e "pensador da ética que o PT imaginava para o País". O La Nación diz que quando Lula chegar ao Palácio do Planalto, hoje, "perceberá que já não tem a companhia de Palocci, nem a de nenhum de seus companheiros de construção do PT nem a de seus amigos dos sindicatos, com os que imaginava presidir o Brasil algum dia... Salvo alguma exceção, como a do professor Marco Aurélio Garcia". Clarín O Clarín dedicou duas páginas ao assunto, embora a chamada de capa tenha sido discreta e ocupado só um pequeno espaço com o título "Baixa para Lula: um ministro chave renunciou". Em sua análise sobre a saída de Palocci, o Clarín lembra que "Lula o sustentou tudo o que pode. Mas num ano eleitoral, os riscos de que as denúncias de corrupção se pregassem na campanha eram altos demasiados". Também diz que "a chegada de Mantega causará certa tensão nos mercados, por seu escasso apego à ortodoxia". Página 12 O Página 12 também se refere à campanha eleitoral, lembrando que foram duas perdas: "Lula perdeu sua segunda mão direita. Rodeado pelas denúncias, renunciou o ministro de Economia do Brasil, Antonio Palocci, para não afetar o caminho da reeleição de Lula. O presidente já havia perdido Dirceu, seu outro homem de confiança, pelas denúncias de corrupção". O jornal opina que "agora os ataques irão diretamente contra o presidente" Lula. El Cronista O El Cronista colocou o assunto no centro de sua capa: "Lula substituiu Palocci com um ministro menos ortodoxo". O jornal destaca que a escolha de Guido Mantega "tem um claro sentido político: Lula preferiu pôr um ponto final no desgaste que Palocci sofria, para evitar que um golpe ao seu ministro estrela afete seu próprio futuro. O sucessor defenderá o superávit fiscal mas não a política de taxa altas". O jornal opina que os resultados da política econômica aplicada por Palocci "foram bons, mas não conclusivos. Os próximos meses darão um veredicto sobre seu legado e sobre o futuro político do Brasil". Ámbito Financiero "Temor: crise no Brasil impactaria na Argentina", foi a manchete alarmista do Ámbito Financiero. "A crise no Brasil se reabriu ontem e neste caso a vítima foi o homem forte de Lula na Economia... É muito delicada a situação no futuro", alerta o Âmbito. Em primeiro lugar, argumenta o jornal, "porque não se pode antecipar o final desta crise e, definitivamente, se pode derivar na derrota de Lula nas próximas eleições presidenciais de outubro". Ámbito afirma ser "preocupante" a escolha de Guido Mantega, "partidário de uma maior intervenção estatal na economia e afastado da ortodoxia e da ordem das contas públicas representados por Palocci". Infobae Já o Infobae optou por um título sem dramas: "A renuncia de Palocci não sacudiu a Bolsa do Brasil - Eficaz jogada de Lula para não afetar o auge econômico". Em duas páginas, o Infobae publica uma foto de Palocci derrotado: fundo negro e um tanto cabisbaixo. O jornal destacou que "a renúncia de Palocci não gera temor empresarial" e que houve "respaldo do mercado ao novo ministro Mantega", já que a estratégia do governo é a de "sustentar que o modelo é de Lula". Infobae afirma que "de acordo com consultas realizadas, referenciais do setor empresário, financeiro e economistas coincidiram em sua visão de que não se registrarão mudanças substanciais na relação comercial com a Argentina".

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