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'Implorou-me respeito à virgindade da mocinha', escreveu oficial

Relatórios militares mostram apelos dos moradores ao Exército

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Por Redação
Atualização:

Um relatório de um oficial do Exército não identificado a um superior relata que uma prisioneira do reduto de Santa Maria implorou pela segurança de suas filhas. "A velha prestou-me declarações somente depois que lhe assegurei todo nosso respeito e que ficasse descansada que ninguém lhe revelaria o que ela me contasse - o medo das jagunças leais para com eles. Quaisquer revelações importam pena de morte. Implorou-me respeito à virgindade (sic) da mocinha. Disse-lhe que não recebia seu pedido. Era um oficial do Exército Nacional, um comandante de soldados disciplinados, um homem honrado e, sobretudo, um chefe de família: tinha uma filha da idade da sua."

 

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O oficial diz que decidiu proteger o grupo de mulheres. "E tomei a velha, a moça e a imbecil sob minha guarda pessoal. (... ) A moça corria riscos num acampamento." Ao final do relatório, ele escreve um verso sobre a situação e pede conselho ao superior: "Quem tem filhas honestas/Não ria das malfadadas,/Que das filhas do infortúnio/Também nasceram honradas." Consulto-vos: que destino podereis dar às três prisioneiras?"

 

Fuzilamento. Um raro relatório militar comprova a execução de prisioneiros. O documento enviado por Manoel Onofre, comandante da Coluna Norte, ao general Setembrino de Carvalho, a 21 de fevereiro de 1915, descreve que cinco rebeldes foram mortos depois de serem rendidos pela patrulha do capitão Potyguara no dia 17. "Em diversos telegramas passados a V.Ex. tive o prazer de vos comunicar, sucessivamente, os grandes serviços prestados pelo operoso capitão Tertuliano Potyguara, de quem deveis já fazer juízo seguro, por isso, agora, me limito a súmula do que o consegui de sua actividade, de 10 a 19 do corrente. Dia 10 - 4 fuzilados que resistiram a prisão. Dia 11 - 9 mortos. Dia 13 - 25 mortos. Dia 14 - seis mortos. Dia 17 - 30 casas incendiadas e 5 jagunços mortos, presos com armas na mão." No dia 18, Potyguara matou outros 16 rebeldes. "Morreram o famigerado negro Vieira, filho e mais 14 bandidos, seus companheiros", descreve Manoel Onofre.

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